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Agonia no trânsito - Paulo A Abrahamsohn




Agonia no trânsito
Paulo A Abrahamsohn



Dr. Ângelo Fernandes, poderoso executivo de uma grande empresa multinacional saiu do prédio em que trabalha na Av. Berrini ao fim da tarde de um bonito, mas muito quente dia de verão, foi um dia exaustivo, com infinitas reuniões para definir e encaminhar uma série de problemas que ocorreram na empresa.

Tinha deixado seu automóvel na oficina para revisão e na calçada tomou seu telefone celular de última geração para chamar um táxi. Mas, mas antes que pudesse fazer isto sentiu que alguma coisa ocorria com seu corpo. Começou a suar e a sentir palpitações no peito. É um infarto! Concluiu.

Viu um táxi se aproximar e abanou os braços desesperado, torcendo para que estivesse desocupado. O automóvel parou e Dr. Ângelo entrou rapidamente.

- Para o hospital mais próximo, urgente, estou tendo um infarto.

- É o Hospital São Lucas na Avenida Conceição de Almeida. Já vou para lá.

No entanto, Dr. Ângelo foi ficando cada vez mais aflito.

- Mas, a esta velocidade com certeza irei morrer antes. É uma urgência motorista. Por favor acelere, vamos! Gritou Dr. Ângelo.

- Não puedo. O limite aca é de 40 km.
- Mas, não vê que estou tendo um enfarte. Pode correr, se for multado eu pago.

- Por que o senhor não retira seu paletó e afrouxa su gravata, disse o motorista. Liguei o ar condicionado e coloquei uma música suave no rádio. O senhor já va se sentir melhor.

- Não, nada disto, não vê que estou morrendo, gritou Dr. Ângelo. Por favor dispare seu carro.

- Muita calma, senhor. Já chegaremos ao hospital. Fique mas tranquilo.

- Como posso ficar tranquilo! Posso estar morto em alguns segundos! O senhor é médico para dizer que eu fique tranquilo?

- Sim, soi médico. Vengo de Cuba e trabalhei no Mais Médicos. Perdi o emprego quando terminou o programa. Vejo que seu rosto está bien corado, no demonstra sofrimento intenso y pelo seu tom de voz percebo que no está con dor precordial. O senhor está passando por uma Síndrome de pânico. Reste calmo e tudo isto irá passar lentamente. Não quer que leve o senhor para casa?

- Tem certeza disso? Perguntou Dr. Ângelo.

- Absoluta, senhor.

- Acho que estou me sentindo melhor.

- Para tirar suas dúvidas, quando estiver melhor marque uma consulta com su cardiologista para fazer um eletrocardiograma.

- Então vamos para casa. Eu lhe pagarei a corrida e a consulta.



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