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MÁSCARAS - Suzana da Cunha Lima



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MÁSCARAS
Suzana da Cunha Lima



Tempo da inocência, as marchinhas eram maliciosas, mas a linguagem simples, quase infantil,  tocava a gente e lá íamos nós, dando a volta no salão, a cantar com entusiasmo, e tentando nos desvencilhar de algum folião mais audacioso.

Vai, com jeito vai,
menina vai,
Senão um dia, a casa cai

Ainda posso enxergar a mocinha ingênua e romântica que fui,  acreditando em palavras bonitas que ressonavam junto às batidas de um coração jovem que mal acordava para vida.

Eu sou aquele Pierrot
Que lhe abraçou
Que lhe beijou, meu amor

Ah, também tive meu Pierrot num carnaval que passou, tanto tempo pra trás. Eu de pirata, só com um tapa-olho, quando ele  começou a dançar à minha frente, de máscara, onde eu só podia enxergar seus brilhantes olhos verdes.

Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é Carnaval....

Ainda sinto o gosto de sua boca, o abraço audacioso onde mal consegui respirar e suas mãos buliçosas a me buscar.  Consegui empurrá-lo zangada, mas ele parece que nem ligou, voltou à dança sempre cantando ou rindo na minha frente.

Bandeira branca, eu peço paz
Pela saudade que me invade
Eu peço paz

 A zanga foi-se embora e eu nem sei se foi a Cuba Libre que tomei, ou a música a ocupar minha cabeça que, quando eu vi, já estávamos no jardim do clube, bem em frente à Lagoa, deitados na grama, abraçadinhos. 

A lua, indiferente, mas sempre bela, foi a única testemunha do momento em que caíram as máscaras.




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