Sentimentos - Antonia Marchesin Gonçalves

Sentimentos

Antonia Marchesin Gonçalves

                Felicidade e infelicidade, dois sentimentos antagônicos. Para muitos, felicidade é ter poder aquisitivo, bens materiais, ostentação, ser notado no restaurante da moda, ser tratado com deferência. Para outros, felicidade é ter comida na mesa, é ser um profissional apaixonado pelo ofício, ter fé seja qual for à religião, amar o próximo, a família, os animais, a natureza. Diferentes felicidades que buscam momentos felizes, de acordo com a sua personalidade. Quem sou eu para criticar?

                O que entendo por felicidade, é sentir, enxergar e valorizar os momentos da vida, saboreando uma boa refeição e de preferência acompanhada por um bom vinho, momentos de carinho, como um abraço gostoso de amigos, do companheiro e até do seu animal de estimação. Sentir satisfação em ter ajudado alguém, que reconhece, sendo retribuído com amizade sincera e duradoura. Ter amigos é uma benção. A forma convencional de demonstrar ser feliz é sorrir, estar sempre alegre, contar piadas para amigos. Que legal.

                Mas, nem sempre atrás do sorriso ou de uma demonstração de alegria, há uma alma feliz. Têm pessoas que extravasam seus problemas, fazendo com que os outros sejam seu muro de lamentações, outras escondem problemas como se fosse imoral tê-los. Algumas ao contrário, escondem as alegrias para não gerar inveja, pois traria atraso em suas vidas.

                Quem está certo? Amo a espontaneidade, não consigo esconder meus sentimentos e isso muitas vezes me traz problemas. O que tenho na alma trago à boca. Mas nem sempre isso é bem aceito, tive que aprender a me conter e pensar antes de falar, faz parte da idade, quando se aprende a usar com sabedoria para evitar dissabores na vida. Mas nem sempre foi fácil, quando jovem engolia todos os sapos, com se diz popularmente quando não se reage a uma ofensa ou humilhação, absorvia os golpes no estômago e ia tocando a vida, até ficar doente em função do sistema nervoso do meu corpo, sobrecarregado de sapos engolidos e não digeridos, explodi.

Levei anos para poder mudar a falsa felicidade e realmente valorizar minha personalidade neutralizada resgatando aquela que sou. Enfrentando as alegrias e tristezas com jogo de cintura, mas valorizando a minha essência que faz parte do viver.