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O CIRCO - ANTONIA MARCHESIN GONÇALVES





O CIRCO
Antonia Marchesin Gonçalves


       
                        “O circo começa! A alegria, as músicas iniciam, e entram na roda todos os atores. Os palhaços são os primeiros e os últimos, são alegres, fazem mímicas, mas um em especial chama atenção, talvez fosse à última apresentação e se despedia, tinha idade se via e dos olhos não paravam de rolar água aos borbotões, a emoção tomou conta de todos.”
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                Cresci numa família de circenses, pai equilibrista, mãe no trapézio junto com meu tio, meu irmão o domador de leões, minha irmã malabarista em cima de cavalos e eu o palhaço. Meu avô dono do circo era o palhaço mais velho. Somos viajantes, íamos de cidade em cidade, enquanto o circo ficava cheio, ficávamos. O trabalho era exaustivo, a montagem da lona, a bilheteria, todos unidos como uma família, inclusive os que não tinham laços familiares, pelo prazer de ver o público se espantar, rir e participar com alegria do espetáculo, era mágico.

                Falando nisso o mágico era a grande surpresa do espetáculo, ele criava na apresentação repentes que surpreendiam a todos. Mas a medida que os anos passavam, todos envelheciam e o circo foi saindo de moda, as pessoas já preferiam os cinemas dentro dos Shoppings, as crianças já não achavam mais graça nas palhaçadas, e nossas apresentações foram diminuindo. Com isso, as contas não cobriam as despesas, foi ficando cada vez mais difícil, tivemos que tomar a decisão de encerar as atividades do circo. Cada um pegando o seu rumo novo, seguindo seus destinos.

                O último dia foi o mais penoso, em especial para o meu avô, pois a emoção tomou conta de todos, mas ele não conseguia conter as lágrimas a ponto de termos que afastá-lo do picadeiro antes do espetáculo terminar. Nos preocupando muito.

Conseguimos nos estabelecer numa casa grande no interior de São Paulo para que, assim com bastante espaço, conseguíssemos guardar o que restara do circo. Cada um de nós, foi trabalhar, eu fui dar aulas de artes na escola da cidade. Montei também uma pequena lona no quintal de casa onde lancei a moda de aulas circenses como atividade física para adultos e crianças com problemas de coordenação motora. Para o meu espanto foi um sucesso! Tanto que acabei indo para a capital me estabelecendo lá trabalhando com essa atividade.

                Quando a família se reúne nos munimos das fotos que registraram o tempo áureo do circo, e juntos com o vovô, matamos a saudade de nossas apresentações, orgulhosos de nosso passado.
               
               
               

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