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URGENTÍSSIMO - MÁRIO AUGUSTO MACHADO PINTO



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URGENTÍSSIMO

MÁRIO AUGUSTO MACHADO PINTO


Ao sair da escola onde cursa a sétima série, uma colega correu em sua direção e, ofegante, disse Alê, sua mãe telefonou pedindo pra você ir rápido pra casa. É urgentíssimo. Isso mesmo, disse que você entenderia o pedido urgentíssimo em letras maiúsculas. Claro que entendeu. Saiu correndo. Não, saiu voando baixo no máximo de velocidade. De fato, era indicação de urgência mesmo. Era o aviso combinado existente entre ele e sua mãe sobre situação exigindo reação imediata, fosse ela qualquer.

Tinha que ser assim. Sem pai pra aguentar o repuxo, o que fazer? É, ele sumiu na 2ª Guerra, as autoridades deram ele como desparecido oficialmente. Você é Homem da família, aguenta, Alê!!!. Sobrou uma foto esmaecida do casal, ela, grávida.

Magricela, corria bem, gostava de tudo relacionado à velocidade, tanto é que fazia seus próprios aparelhos para correr: seu carrinho de rolimã, seu skate, sua prancha de surfe (fez umas vinte antes de acertar a favorita), modificou bicicleta para brincar de Tour de France e gostava muito, mas muito mesmo, de cavalgar junto com seu avô no sítio dele ouvindo suas estórias, piadas sem graça e brincadeiras as mais incríveis pra você ser um bom Tom Mix, dizia ele. Outras,  fazia sozinho; teve até um colega que dizia que na outra geração seria eremita, nesta estava treinando. A verdade, porém, é que existia um vazio em sua vida, não sabia o que era, mas sentia essa necessidade de ter pessoas mais idosas ao seu lado.

Pô, lembrou, falando alto e correndo, nem agradeci a menina. Gostei como deu o recado principalmente quando me chamou de Alê. É que não gosto do meu nome, Alexander, nem do apelido Alex. Gosto do Alê, casa bem comigo.

Correu, correu vendo a paisagem conhecida de tantos anos tal qual borrão de tintas misturadas pelo artista em sua paleta.

Cada vez mais perto, chegando, coração descontrolado, ofegante. O vulto de sua mãe ficando cada vez mais claro, reconhecível, acenando os braços como a puxá-lo, ajudando-o em seu esforço. Corre, corre Alê, chega mais perto. Tá vendo o que eu vejo?

Sim, minha mãe, meu avô e ele! Ele chegou!  Vai ficar!

Seus braços ficaram mais longos para abraçar a todos.

Foi um coro de soluços e risos de felicidade.




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