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QUEIJINHO. - Mario Augusto Machado Pinto




QUEIJINHO.
Mario Augusto Machado Pinto

Felix, Fê para os íntimos, é menino agitado por natureza. Seus pais dizem que tem bicho carpinteiro no corpo. Faz tudo rapidamente, não importa se bem feito; o importante é fazer. Como ele mesmo diz o negócio é ficar livre da “coisa”. Chega a se engasgar devido à sofreguidão com que come, pois quase não mastiga os alimentos, engole-os; não namora, diz que é muito chato, cheio de demorados lengalengas.

Não é que um dia conheceu a Brígida e como não podia deixar de ser, apaixonou-se num estalo. Vivia sempre junto dela, tanto que seus amigos e colegas gozadores diziam que ele era o “chiclete do amor do queijinho Brie”, gostoso, tão comestível quanto.

Namoravam há muito tempo quando aconteceu a desgraça: o pai de Fê foi transferido para o Pará. O “Adeus” foi à Deus mesmo: dramático, com lamúrias, choro, soluços, fotos, promessas mil, beijos de gastar os lábios. Para não se esquecer ganhou da Brie a blusinha que ele “conhecia” muito bem.

Passaram-se os anos, as cartas minguaram, a saudade foi embora sabe-se lá para onde confirmando o “Longe dos olhos, longe do coração”, mas Fê sempre manteve a esperança de reencontrar a Brie. Dizia que era o seu destino, e, de fato, reencontrou-a no casamento do neto de um seu amigo. Ela era a madrinha da noiva.
Foi uma alegria só, gritos de Brie e Fê ecoando pela igreja que por sinal era dedicada a Santo Antonio. As lágrimas eram tantas que os convidados diziam que logo mais à noite haveria uma enchente enorme no sitio do pai da noiva.

Preciso dizer que Padre João celebrou o casamento deles alguns dias depois?



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