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O ursinho que foi para o Beleléu. - Fernando Braga


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O ursinho que foi para o Beleléu.
Fernando Braga


No dia de Natal, Pedrinho, de quatro anos, levantou-se bem cedo e, imediatamente dirigiu-se para a cozinha, onde sobre o fogão de lenha encontrou vários presentes que o Papai Noel deixou durante noite, por ter tido bom comportamento naquele ano. Muito alegre, desembrulhando afoitamente um por um, era uma surpresa após a outra, correspondendo aos pedidos feitos  em uma cartinha, que sua mãe ao seu lado escrevera, para o chamado bom velhinho.

Bem embaixo, no chão, estava um embrulho bem maior, era quase de seu tamanho,  para o qual Pedrinho ficou olhando, com medo de abri-lo. Correu ao quarto dos pais, num pulo subiu na cama, muito contente, gritando, disse que o Papai Noel deixou  muitos presentes para ele. Os pais abraçaram-no e o acompanharam até a cozinha. No meio daquela confusão, de papeis e fitas esparramados pelo chão, foi mostrando um por um, dos presentes. Então, parou e perguntou se aquele embrulho grande também era para ele? Certamente, disse a mãe, se está junto, foi o Papai Noel quem deixou. Pode abri-lo.

Soltando as fitas coloridas e  rasgando o papel branco expôs um ursinho azul, de pelúcia, quase do seu tamanho. Abraçou e beijou aquele presente e não mais quis largá-lo. A mãe sabia que era presente do vovô.

Desde aquele dia, tornou-se seu grande amiguinho, falava com ele, chamando-o de Pimpão. Quando voltava da escola, o que primeiro fazia era abraçá-lo.

O  ursinho estava sempre presente quando almoçava, assistia a televisão e à noite, dormiam bem abraçados. Não gostava que alguém pegasse seu amigão.

Uma vez por semana, ia com a empregada brincar no parque, cheio de árvores frondosas, pequena lagoa com patinhos e bancos.

Um dia, neste mesmo lugar, trouxe o ursinho,  e a empregada portava uma bola na mão esquerda. Logo após chegarem, a empregada incitou-o ao jogo de  bola, bem perto do banco onde estavam. Pedrinho deixou o ursinho para guardar o lugar.

Após uns quinze minutos de correria atrás da bola, voltaram ao banco:

- Onde foi parar o Pimpão?

Olharam em todas as direções, correram pra lá, pra cá e nem sinal dele. Pedrinho começou a gritar pelo nome de seu amiguinho e depois caiu no choro. O tempo corria e ele não desistia e não queria voltar para casa sem encontrá-lo. Com respostas negativas após perguntar a muitas pessoas, se tinham visto alguém carregando um ursinho azul. A empregada enfatizou:

- Ele foi pro Beleléu! Vamos voltar para casa.

- O que é Beleléu? Arguiu o menino.

- É um lugar muito, muito distante que ninguém sabe onde fica!

- Mas ele não anda!

-Pois ele foi voando!

- Voando? Nunca vi ele voar?

- Vamos para casa, já é tarde, sua mãe está esperando.

- E se ele voltar e não me encontrar, não vou vê-lo nunca mais?!

- Ele certamente vai voltar para a sua casa. Vamos embora.

Chegando em casa foi aquela choradeira:

- Mãe, o Pimpão foi para o Beleléu! Será que ele volta pra casa?

- Se não voltar, vamos conseguir outro igualzinho pra você!

- Mãe, não, não e não, eu quero o meu Pimpão! Não existe nada igual!

Desde esse dia, ficava ao portão perguntando aos que passavam, se não tinham visto o seu ursinho azul. Perguntava repetidas vezes para o guarda noturno, para o gari, para os passantes.

Por coincidência, o filho de um dos garis que recolhiam o lixo também da casa de Pedrinho, estava com o um ursinho azul que não lhe pertencia. Não é um ursinho comum, em geral são branquinhos ou marrons:  

Quando o homem viu o filho com aquele brinquedo, imediatamente lembrou do menino que sempre lhe perguntava sobre um tal ursinho azul:

- Quem te deu este ursinho?

- Encontrei no parque, abandonado! Trouxe para mim.

O lixeiro, é claro, duvidou do filho e percebeu logo, que o brinquedo pertencia àquela criança, daquela casa, de uma das ruas onde coletava o lixo, pois várias vezes viu o garoto agarrado àquele ursinho azul.

Dias após, pegou o ursinho e colocou-o na porta daquela casa e após tocar a campainha saiu depressa.

A empregada abrindo a porta deparou com surpresa.  Ficou muito feliz.

Pegou o ursinho, colocou-o em cima da cama dele, com um bilhete:

- Meu amigo do peito, voltei de Beleléu, onde fui dar uma volta. Senti enorme saudade sua! E voltei!

Não dá nem para comentar a alegria de Pedrinho, ao ver de volta seu Pimpão.


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