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Amor não correspondido - Fernando Braga





Amor não correspondido
Fernando Braga




Sorte dela pensei, sentir meu grande amor,
Sempre fostes para mim, a queridinha,
Desejo te dar todo o meu calor,
Podes me judiar, minha rainha!

Conhecendo-te algum tempo atrás,
Produzias um desejo ao me aproximar,
Com tua beleza divina, este rapaz,
Tinha uma vontade imensa de te amar.

Na escola de samba eras a rainha,
Figura impoluta em todo carnaval,
O corpo divino, a eterna madrinha,
Reinando sempre, sem rival.

Quis te conquistar, maravilhosa presa,
Com sacrifício, um perfume te comprei,
Contudo, com uma indigesta surpresa,
Negando teu carinho, desisti, passei.

Fugitiva, meu amor não correspondias,
Fingindo desconhecer o sentimento intenso,
Que por ti eu nutria, mas desconhecias,
O profundo amor, que me tornava tenso.

Não mais te procurei, estava na pinda,
E com o meu coração nada reinante,
A mim diziam que continuavas linda,
Mas, indiferente fiquei e bem distante.

Com trabalho insano, após anos de luta,
Cresci deveras, conhecido me tornei,
Uma fortuna cresceu desta labuta,
Mesmo assim não mais te procurei.

Soube um dia, que estavas bem doente,
Doença degenerativa, havias adquirido,
Ao visitar-te fingistes estar contente,
Lembrando talvez quanto fui preterido.

Perdestes a juventude e a beleza,
Ao vê-la, meu coração outra vez partiu,
Como o amor nunca perde a realeza,
Com todo tempo ido, ele não se esvaiu.

Sozinha, triste, necessitada estavas,
Um quarto te ofertei em minha casa,
Incluindo o cuidado que necessitavas,
E sempre por perto eu, arrastando a asa.

Agradecida, negou-se aceitar esta proposta,
Percebendo a compaixão de minha parte,
Finalizou dizendo não estar disposta,
E que nunca seria mais, porta estandarte.
Sorte dela?

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