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DOMÍNIO PÚBLICO - Antonia Marchesin Gonçalves



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DOMÍNIO PÚBLICO
Antonia Marchesin Gonçalves

                   Folheando o jornal me chama atenção uma noticia sobre Jose Bento Monteiro Lobato, cujas obras deste grande brasileiro, que foi escritor, jornalista, pintor, empreendedor, diplomata, crítico de arte, editor, publicista e agitador (no bom sentido), tornaram-se, após 70 anos de sua morte, de acordo com nossa legislação sobre direitos autorais, o chamado “domínio publico”. Entendo que grandes autores são usados com outras interpretações, mas no caso de Monteiro Lobato, com sua obra O Sítio do Pica-Pau Amarelo, seja modificada para o que consideram o politicamente correto para as novas gerações a lerem.

                   Eu imagino se ele ressuscitasse e ficasse sabendo que seus personagens não são bons exemplos para serem lidos. Por exemplo, Tia Anastácia, negra com vestimentas de escrava, teria que ser chamada de afro descendente e usar roupas de acordo com sua origem, Narizinho (por seu nariz empinado) criticada como uma inglesinha, quando na realidade Lobato deveria tê-la descrito de pele negra, quando ele a descreveu de pele cor de jambo. Pedrinho por  Lobato não é o mais brilhante da história, segundo os críticos, ele não gostava de meninos. A avó Dona Benta é a sabedoria em pessoa, que junto com Anastácia administra o sítio e ensina as crianças. Outra  personagem  feminina é a Emilia, boneca de pano, a mais esperta, inteligente e muita criativa com suas curiosidades, invenções e perguntas, dizem os críticos o fazem talvez um feminista.

                   Eu vejo Lobato lendo isso, será que tentaria ele argumentar,  por  exemplo, o Visconde de Sabugosa, muito culto e inteligente, argumentar outros tantos personagens defendendo-se. Não acredito, teria ele dificuldade de entender o que estão querendo fazer com os seus livros, tirando toda a originalidade criada por ele, de acordo com sua época , sua visão sobre criação, educação e incentivo ao saber, perguntar, criar mesmo errando, mas acima de tudo, ser desrespeitado como autor na sua obra, não concordaria com os politicamente corretos e com certeza vendo tanta incompreensão e ignorância, preferiria voltar pro tumulo.

                   Meus filhos cresceram lendo, assistindo o Sítio divertindo-se muito, faziam no sítio da família com o sabugo de milho o seu visconde, usando a imaginação com tudo que ali tinha, baseados nas histórias de Lobato, e nenhum deles em momento algum sofreu influências negativas, ao contrário das cartilhas atuais nas escolas, doutrinando as crianças para o socialismo agressivo, tentando a lavagem cerebral na nova geração.

                   Não aceito esses tais críticos e acho que deveríamos transformar essas críticas em mais amor ao próximo, ao planeta e à tudo,  respeitando a liberdade de ideias e de pensamento e estimular a criatividade do ser humano para o bem, não querendo se renovar anulando os nossos grandes autores.
                  



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