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Silvinha a modelo - Antonia Marchesin Gonçalves



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Silvinha a modelo
 Antonia Marchesin Gonçalves

                    Morava com a mãe e um cachorro branquinho. Ela já tinha dez anos e, diferente das amigas, Silvinha sabia o que queria. Seria modelo, uma bem rica e famosa.
                     Enquanto a mãe trabalhava na roça, a pequena era levada junto, ela sonhava em não ter a vida que a mãe tinha. Esmeralda, a mãe, era de feições bonitas, corpo esguio, morena cor de canela mas de mãos calejadas pelo trabalho que abandonada pelo marido criava a filha sozinha. O melhor amigo de Silvinha era o cachorro branquinho, que nem tinha nome e assim era chamado pela sua cor, carinhoso e de olhar meigo era o seu confidente. Ela falava com ele o tempo todo, dizia a ele você vai ver vou estudar, crescer e vou morar na cidade grande e lá serei escolhida para ser modelo, como aquelas da TV, e serei rica. Silvinha não era como a maioria das crianças que mudava de ideias sempre, não, era obstinada a ponto da mãe, Esmeralda, decidir vir para São Paulo para que o sonho da filha se tornasse realidade.
                      Esmeralda começou a trabalhar de faxineira e foram morar de favor em casa de parentes. Silvinha deslumbrada pela cidade passou a adolescência entre a escola e ajudar a mãe em casa, sem que nenhum momento abandonasse a ideia de ser modelo, comia com parcimônia com medo de engordar e cuidava do cabelo e corpo com os parcos recursos que tinha. A genética de Silvinha a favorecia, pois crescia tão bem que aos 14 anos já tinha 1,75m, e ela se distinguia entre os colegas da escola.
O acaso a fez tornar o seu sonho realidade, passeando ela com amigos no Shopping, tinha naquele dia o famoso olheiro (pessoas que trabalham para as agências de modelo a cassa de novos rostos) que a abordou para que fosse à agência  fazer testes, pois tinha gostado dela.
                       No dia seguinte mal havia dormido  tamanha excitação, foi ela para a agência.   Chegando lá mal sabia ela que era uma das melhores agências do Brasil e entrou na fila de rapazes e moças iguais a ela com o sonho de serem modelos. Os testes, depois de muita espera, foram cansativos, mas ela mal sentia o cansaço, estava realizando seu sonho. Dias depois ela foi chamada, tinha sido escolhida para fazer um trabalho e de lá só deslanchou, se tornando realmente uma profissional respeitada e valorizada a ponto de desfilar pela Europa para os melhores estilistas, e sempre junto com ela estava dona Esmeralda, que orgulhosa da filha cuidava dela o tempo todo.
Só o cachorro Branquinho não a acompanhou no sucesso, pois já velhinho havia morrido.
                        Não podemos desistir dos nossos sonhos por mais impossíveis que possam parecer.


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