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O INSETO INOCENTE - Sérgio Dalla Vecchia



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O INSETO INOCENTE
Sérgio Dalla Vecchia

Crash, crash, foi o ruído que Fernanda ouviu do quarto.

Sonolenta, revirou-se na cama a espera de mais algum barulho.

Crash, crash e crash, novamente.

Parecia vir da sala!

Agora acordada, ouvia mais um som. Era do coração dançando em seu peito.

Fernanda levantou-se descalça e, pé ante pé chegou a porta.

Encostou um ouvido para melhor identificar o ruído.

Colocou também as duas mãos espalmadas, enquanto a audição e tato trabalhavam na identificação daquele som.

Toc, crash, crash e toc!

Assim ela percebeu mais um toc!

Que será? Pensava Fernanda. Parecia vir da sala mesmo.

As mãos transpiravam, a adrenalina fluía velozmente pelo sistema circulatório da assustada moça.

Pensou em ligar para a polícia, mas tinha receio de ser em vão e constrangê-la.
Com coragem, abriu a porta e saiu silenciosamente em direção à escada que acessava à sala.

Crash, crash e toc em seguida.

Agora sim, o som partia do meio da sala.

Fernanda muito curiosa, agarrou com as duas mãos o corrimão e começou a descer. Um degrau, outro e mais um.

Chegou ao meio da escada. Os olhos, agora acostumados ao escuro, captaram algo embaixo da mesa. Parecia um objeto esférico do tamanho de uma bola de tênis.

—Que será? - Pensou ela.

Com os olhos fixos caminhou na direção. Foi quando viu um outro objeto menor escuro aproximar-se da bolinha até tocá-la.

Crash, foi o barulho que ouviu naquele momento.

Crash, crash e a bolinha movimentou-se!

Fernanda foi se aproximando até que um suspiro de alívio surgiu nos seus lábios.

Tratava-se de um simples besouro tentando empurrar uma bolinha de papel amassado e produziu o crash, crash.

Despreocupada, acendeu a luz capturou o besouro e o atirou para fora. Tão feliz estava que poupou o pobre inseto que tanto a importunou.

Alegre foi para a cozinha e enquanto sorvia um delicioso copo d'água, ouviu novamente e mais perto; Toc e toc!

Não houve tempo para mais nada!

Um grito ecoou pelos ares, enquanto uma mão forte tapou sua boca!

Foi o último grito da solitária Fernanda na sua curta passagem pela vida!


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