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O MONSTRO DA FOME - Maria Luiza Malina


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O MONSTRO DA FOME      
Maria Luiza Malina

Tenho certeza de que o mesmo se passa com você. Levanto-me para pegar algo  necessário para terminar a tarefa e, imediatamente o pensamento se esvai.  Afinal, o que é que ia eu pegar? Por que estou em pé. São os óculos? Tateio o rosto e sinto que estão à postos. Um momento de indecisão, volto à atividade anterior na sensação de que logo o perdido no espaço, retornará.

Assim passam os dias na suposta brincadeira de esconde esconde dos pensamentos que se ocultam numa frequência maior. Ponho-me a refletir onde irão as minhas ideias, as alegrias, as frustrações e as dores. Os mais secretos pensamento e projetos. Tudo se esvai pelo ar. Onde irão parar.

No relance um vulto ou uma sombra. Não soube definir. Por um tempo estática e sem pensamento. Isto até me fez bem. Um vento rápido e eu, desatenta. Lá estava ele horrível, igual a uma raiz gigante se desprendendo da terra avançando de forma invisível junto aos demais, por onde encostasse devorava-lhes os sentimentos. A fome era tanta que, muitas pessoas atropeladas não tinham a noção do acontecido; ele devorava a atenção.

Na esquina um casal,  abraçados em juras eternas, de repente ela é esfaqueada e ele não se dá conta, justifica-se ao dizer que ouviu uma voz; ele devorava o amor.

Na outra esquina, quatro amigos caminham lado a lado e, começa uma inusitada discussão, perplexos os vizinhos assistem o mais novo sacar uma arma, rodopiá-la no dedo indicador, atirando sobre os três amigos; ele devorava a vida.

Assim a negridão toma conta das pessoas sem que percebamos; as vidas turvam-se sem explicação e ele, a denegrir nossa imagem,  captando e devorando o fulgor das vidas  desavisadas que, encarcera e destrói o ser humano; ludibriando até mesmo as crianças ao entrar em forma de um pobre coitado nos jogos infantis, ao ser derrotado pelo então super herói.

Ele devora o herói tornando-se o novo herói das histórias conseguindo reverter e incutir na nova geração a ... a...



Me falta a palavra, acho que o monstro acabou de engolir a ideia; paro aqui para você concluir a história, desculpe esqueci de cobrir a cabeça, será que devorou também  meu chapéu...

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