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A MALA - Oswaldo Romano


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A MALA

Oswaldo Romano

        No aviso de chegada do avião, Cassio levantou-se, e num gesto usual, massageou as pernas que sentia pesadas.

        Apressado, como soe acontecer nestas horas, cheio de saudades da casa e do cachorro Skipper, correu para a esteira rolante.

        Teve sorte, sua mala foi uma das primeiras que apareceu. Apanhou-a num ímpeto enquanto vibra seu celular, recebe aviso de que o Uber já o espera.

        Em casa, uma desagradável surpresa.  Descobre que pegou uma mala igual, mas não a sua.

        Vencendo certa dificuldade, conseguiu abri-la. Precipitou-se. Antes tivesse ligado à companhia aérea e devolvida assim que notou o erro. Ao abri-la, aquele cheiro que lembrava o da rua das donzelas.

        Fechou-a lentamente enquanto pensava o que fazer. Exalava ácido, talvez pólvora.

        Sua primeira decisão foi trancá-la nos fundos do quintal, na edícula. Poderia explodir, imaginou.

        Resolve ligar para o Aeroporto, colocando-os a par. Fica sabendo que outras pessoas têm feito a mesma reclamação e são informadas dos achados. Pedem que aguarde. Desliga o telefone, sem fazer o B.O.

        Dia depois, recebe um telefonema de ameaça:

— Amigo você corre um sério risco de ser acusado de tráfico de drogas. Cale essa boca, não se comunique com ninguém.

        No outro dia ao atender a campainha:

        — Sou bombeiro, vim buscar a mala.

Cassio agradeceu, ficou livre daquilo, mas questionou com o paramentado bombeiro:

        — E a minha mala, acharam?

        — Não sei informar. Ligue pra lá, se quiser saber.

Foi o que Cassio fez. Ligou para o Aeroporto, setor de segurança, sala dos bombeiros.

        — Pois não, é o capitão Sergio. Pode falar.

        — Capitão, um dos seus homens que veio retirar a mala extraviada pediu que eu ligasse. Minha mala está com os senhores? Eu sou o Cassio, minha mala é...

        — Não. Não precisa descrevê-la. Não, não é nosso dever cuidar de malas extraviadas. E nem temos homem para isso. Ligue para o setor, ou melhor, vou transferi-lo.

        — Por favor, minha mala está aí?

        — Como é sua mala e qual o número do B.O?

        — Minha mala é preta, tamanho grande, na alça tem uma fita roxa.

        — Sim, mas o número do B.O?

        — B.O!... Ah! eu ligo mais tarde.


        — Espere. Fita roxa... Moço, não brinque no telefone. Nossa polícia facilmente te encontra.

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