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O SEGREDO DE DONA LOURDES - Carlos Cedano

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O SEGREDO DE DONA LOURDES
Carlos Cedano

Após a morte de minha sogra fiquei encarregado de “desmontar” seu apartamento,  o que não foi tarefa fácil. Já quase no final ainda tive que lidar com uma enorme quantidade de pastas que estavam numa estante grande e mofada. Com cuidado revisei todas elas e quase no final me deparei com uma pasta muito bem conservada e protegida, essa parecia ser a intenção! O que chamou mais minha atenção foi uma nota vermelha escrita em letras grandes que dizia: ABRIR SÓ APÓS MINHA MORTE. Fiquei intrigado. E, com o mesmo cuidado abri-a e encontrei uma carta datada de dez anos atrás dirigida a minha mulher Laura, era de sua mãe Lourdes.

Levei a missiva para casa e a entreguei a ela. Laura ficou ansiosa, muito pálida, calou por um bom tempo e logo me confessou que tinha medo, não queria abri-la, nas suas fantasias a carta era portadora de noticias ou segredos obscuros.

Tomei-a em meus braços e com muito carinho tratei de convencê-la que não podia pensar assim, afinal a carta era de sua mãe que a amou muito e as noticias só podiam ser boas. Continuei acalmando-a:

Você não pode sofrer com especulações do possível conteúdo da carta, isso lhe fará mal e pode ficar doente; nosso pequeno Raul precisa de pais fortes e corajosos capazes de superar as piores noticia que uma carta possa trazer, eu estarei sempre ao seu lado, meu amor.

Laura emocionou-se com a ternura das minhas palavras, e sentindo-se fortalecida por elas decidiu abrir a carta. O rosto de Laura descontraia-se à medida que a leitura a arrastava para uma notícia muito longe de seus medos. A velha Dona Lourdes tinha aplicado a herança herdada de seu pai em títulos e ações em nome de Laura por um período de trinta anos.

Tratei de mostrar minha alegria:

A carta nos fornece as informações necessárias  para tomar posse do dinheiro que que nos permitirá levar a cabo nosso projeto de vida.

Dias depois, descansando num resort, lembramos de tudo, Laura ria de sua própria reação quando da carta.

Pois é, meu amor – disse –lhe. A cabeça da gente é estranha, né?
E ambos rimos.


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