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MEDITAÇÕES NATALINAS - Oswaldo U. Lopes

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MEDITAÇÕES NATALINAS
Oswaldo U. Lopes

         O Natal é uma festa típica do hemisfério norte. Um pequeno e festivo intervalo num longo inverno que se aproxima. Ótimo para comes e bebes. Não creem? Na Inglaterra além do Natal o dia seguinte também é feriado (boxing day) para curar a ressaca e se refazer da comilança.

         A data foi escolhida para coincidir com o solstício de inverno, o sol renasce de sua ida maior em direção ao sul. Ou seja, o Natal comemora que o sol voltará a brilhar porque já foi o mais longe de sua orbita na direção contrária.

         Para os do hemisfério sul o Natal indica que estamos no auge do verão e que dali em diante o sol irá perder sua força.

         Num pais tropical a coisa complica. Vinhos encorpados? Carnes com molhos fortes ou carnes de animais selvagens, tipo javali? Gansos a patos cozidos na própria gordura? Em pleno verão?

         E o que se faz então? Pratos frios, vinhos brancos, espumantes ou sangrias, tudo gelado, bem gelado.

         Confusão à vontade. Quem se esquece de que as longas férias de verão vêm junto e misturado com o Natal e o Ano Novo e o fim do ano escolar. Para não falar do carnaval que esta na esquina esperando pelos pecadores. Lá para cima o Natal é apenas um pequeno intervalo no período escolar.

         É mais fácil encontrar o espirito de Natal acima do equador? Sem duvida é! Faz frio, as pessoas tendem a ficar mais juntas, comidas quentes vão muito bem com o inverno e é natural chegar-se, reflexionar e se emocionar com a lembrança do menino e da manjedoura.

         Ainda por cima que boa parte das terras equatoriais ou do hemisfério sul são ou foram colonizadas pelo povos da Europa Ocidental e, portanto herdaram o costume transposto para um clima totalmente diverso.

         É como se fosse a festa da nostalgia. Saudade de uma terra distante que de fato só existe na memória coletiva ou nas narrativas das nonas. Neves de flocos de algodão, pinheiros de Natal, não o a única arvore ainda verde, mas uma das muitas que estão verdes, muito verdes.

         Embora possam até se confundir no calendário, neste ano de 2016 a festa das luzes, chanucá, dos Hebreus também será comemorada no dia 24 de dezembro, elas não guardam nenhuma relação entre si. É possível até dizer que, dispersos pelo mundo cristão, os judeus passaram a cultivar a sua festa das luzes na medida em que o Natal se tornava uma festividade cada vez maior, até para não cristãos.

         Enfim, lá como cá faz tempo que o espirito de Natal foi-se e ficou uma história mal contada de uma virgem que colocou seu filho numa fria manjedoura num vilarejo chamado Belém.


         Comemos e bebemos para celebrar seu nascimento e não seus ensinamentos.

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