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O QUE É O PRÓLOGO - Oswaldo U. Lopes

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O QUE É O PRÓLOGO
Oswaldo U. Lopes

         A ideia básica de prólogo remonta ao teatro grego. Não deve ser confundido com o coro que é permanente e dialoga com os atores em cena ou comenta a situação para o público presente.

         O prólogo ajuda a plateia a localizar a ação, o tema e as circunstâncias.

         Sempre me impressionou muito a ópera “Os palhaços” de Leoncavallo. De início um ator-cantor adentra o palco através das cortinas ainda fechadas e se apresenta ao distinto público:

- Si può?... Si può?...
Signore! Signori!... Scusatemi
Se da sol me presento.
Io sono il Prólogo:

         Ele pede licença às senhoras e senhores presentes e se diz o próprio Prólogo, por isso, está se apresentando sozinho. Ele explica qual é o pensamento e o desejo do autor (autore). Está vestido como um palhaço e procura mostrar como são humanos e verdadeiros os sentimentos que veremos em cena. Ele não quer que se diga, como antigamente, que as lágrimas que derramamos são falsas (Le lacrime che noi versiam son false). A ópera faz parte do movimento operístico do fim do século XIX início do século XX que ficou conhecido como verismo.  Os ambientes são populares, bem como os tipos em cena: palhaços, carroceiros, atores de circo mambembe.

         Shakespeare foi outro autor que usou muito o recurso do prólogo. Talvez o mais famoso de seus prólogos seja o de Romeu e Julieta em que ele em catorze linhas conta a história toda, diz que a peça vai durar duas horas e mais, diz que o que aqui não se informou, no desenrolar do espetáculo, será explicado.  Só que ao contrário de Leoncavallo ele chama o prólogo de coro!

         Parece um pouco filme de Hitchcock que fazia questão que você soubesse de antemão tudo sobre o crime e depois, para seu total desconforto, criava um terrível suspense.

         Um outro soberbo prólogo de Shakespeare está na maravilhosa peça Henrique V. Ele agora é mais longo e mais especifico. A palavra prólogo aparece logo de saída:

Enter Chorus as Prologue

         O que antes era tratado como coro agora é especificamente anotado como coro-prólogo. Ele apela à imaginação da assistência de modo que este O de madeira (wooden O) se converta nos campos de batalha, o palco em um reino! Ele descreve fielmente o teatro como tendo a forma de um círculo de taboas (em que o público circunda os atores em todas as direções).

         “Pensem que quando falamos de cavalos vocês os estão vendo!”

          O coro-prólogo vai voltar a cada novo ato e são cinco no total, sempre descrevendo o que nossa imaginação deve suprir em termos de partida de navios, campos de batalha e o que mais vier. Há uma espécie de conspiração entre público e o coro-prólogo de modo que este sugere e aquele segue como se estivesse vendo as praias, os fortes, o mar, os navios etc.

         Para que serve um prólogo?

         Se bem feito permite que a história ou conto se inicie, por exemplo, direto com um diálogo o que torna o escrito mais atraente e de impacto.

         No próprio Romeu e Julieta, após o coro a cena é tomada por criados das duas casas rivais e um diálogo rápido e ferino que acaba numa enorme briga de rua, colocando em cena, claramente os elementos da tragédia.


         No reino dos “Pré” o Prólogo junto com seus primos o Prefácio, o Preludio, o Preâmbulo e o mais tímido deles o Proêmio, são bastante usados, mas nem sempre com sabedoria e maestria.

Um comentário:

  1. Pra variar, o senhor dá uma aula, não Dr. Oswaldo? Ledice Pereira

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