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A BELÍSSIMA ROMA! - Sergio Dalla Vecchia


A BELÍSSIMA ROMA!
Sergio Dalla Vecchia

Andiamo a Roma! Exclamou Roberto ao chegar a casa.

Havia conseguido uma semana de férias, e o destino escolhido foi à Itália.

O roteiro contemplava três dias em Veneza e três em Roma.

Enfim Roma! Como eu queria conhecê-la! -  disse Roberto emocionado à esposa. Há pouco os dois haviam conseguido a cidadania italiana, e essa era a primeira viagem com os passaportes da Comunidade Européia.

Roberto se achava o próprio italiano. Tinha porte e aparência para tanto.

Fez algumas aulas e achava que era suficiente para se virar na língua.

Já instalados e recuperados da viagem, resolveram  caminhar até o Coliseu. Foram admirando e fotografando a arquitetura romana. Chegando à rotatória do Coliseu, ouviram uma batida forte. Discussão, palavrões e gritaria. Era uma cena típica do cotidiano Romano. Um Fiat colidiu com um Alfa Romeo e a confusão estava formada!

Após o susto, entraram nas ruínas onde puderam sentir as vibrações da multidão através dos séculos. Nos subterrâneos imaginavam os gladiadores concentrados. Os animais prontos para atacar os infortunados, para o deleite da platéia.

Mais tarde, parados em um engarrafamento em um ônibus, presenciaram a cena dantesca de uma briga de casal, na qual a mulher era forte e estava possessa, a ponto de descer do carro e destruir a frente do Uno com chutes e pontapés. O pobre marido na se mexia dentro do carro! Com a confusão chegou um carabineiro e foi tentar acalmar a doida, mas qual o que! Levou um safanão e caiu na avenida. O trânsito fluiu e olhando para trás, viram um punhado de carabineiros indo para a ocorrência com os cassetetes nas mãos. Lembrava o humor do cinema mudo!  

 Após o agitado dia de turismo e surpresas, Roberto resolveu  comprar queijo e frios numa pequena loja do ramo próxima ao Hotel. Lá chegando encontrou uma fila e um senhor atrás do balcão atendendo os fregueses. Enquanto esperava, reparou que todos os frios e embutidos em exposição  tinham o preço estampado bem amostra.

Chegou a vez de Roberto e por um lapso de memória, não lembrou a corriqueira palavra formagio, tão falada nas pizzarias do Brasil! Encabulado, falou que lhe veio a cabeça: primeiro foi queijo,  causando espanto no balconista, que não entendeu e com má vontade mostrou um estranho vidro de molho. A segunda tentativa foi cheese, e o malcriado também não entendeu!

 O constrangimento imperava, até que finalmente saiu a palavra formagio! O balconista fez uma festa, repetindo a palavra por varias vezes, beirando ao deboche! Entretanto, com a paciência no limite, Roberto escolheu um queijo e um presunto.

O espertalhão quando os pesou, digitou preços maiores do que os mostrados. Imediatamente Roberto reclamou pedindo a correção, mas para o seu desapontamento, o atendente disse que os preços indicados eram diferentes mesmo, e os que ele digitara estavam corretos. Uma afronta a inteligência de Roberto!

As pessoas na fila, o constrangimento a que foi imposto e a escancarada ladroagem, foram razões suficiente para que Roberto se esquecesse da educação e aos berros dissesse: Italiano carcamano, maledetto e ladro, você denigre a imagem dos oriundi!

O mariolo ouviu tudo caladinho. Acabara sua alegria!

Roberto não pagou, abandonou as compras sobre o balcão e aliviado saiu cantalorando;


— Arrivederci  Roma, good bye, au revoir...

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