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UMA NOITE ASSUSTADORA - Ledice Pereira




UMA NOITE ASSUSTADORA
Ledice Pereira

A noite estava fria.

Ventava muito e a chuva fininha caia lá fora.

A cama estava convidativa.

Fomos dormir cedo. Após aquele primeiro sono bem dormido, acordei com um ruído estranho no telhado. E, como a noite todos os gatos são pardos,  fiquei alguns minutos encolhida com muito medo. Nem respirava direito para ouvir. Alguém se mexia ali.

Ai meu Deus do céu como pode alguém ter subido no telhado tão alto o que vamos fazer e esse sono  pesado do Walter não queria ter que acordá-lo mas não estou me aguentando de medo.

Chamei meu marido que também ouviu o barulho. Eu não conseguia controlar minha tremedeira. 

Da janela do banheiro, sobre uma cadeira, conseguimos ver uma sombra que se movia na parede do vizinho.

Relutamos em chamá-lo, mas a sombra inquieta se mexia insistentemente. Na nossa imaginação alguém fazia sinais a um comparsa, os dois prontos a invadir a nossa casa pelo alçapão.

Ligamos para o vizinho pedindo muitas desculpas pelo adiantado da hora, mas não conseguiríamos mais dormir se ele não confirmasse, ou melhor, desfizesse nossas suspeitas.

E ele viu o que nos atemorizava. Um galho de robusta árvore atrás da nossa casa projetava uma sombra naquela parede, e o vento a movimentava freneticamente. O que ouvíamos seriam folhas secas arrastadas pela ventania.

Pedimos mais desculpas ao nosso amigo tão prestativo sempre e voltamos para a cama e, uma vez aliviados, conseguindo pegar rapidamente no sono.


Dia seguinte um convite para um queijo e vinho foi a forma  que encontramos para compensar nossos amigos pelo  importuno pedido de socorro. Entre um gole e outro rimos muito dos acontecimentos daquela que poderia ter sido uma infindável noite de terror.

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