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Ida e Volta - Ises de Almeida Abrahamsohn

Ida e Volta
Ises de Almeida Abrahamsohn

 Manu era fanática por canoagem. Sua especialidade era o caiaque individual. Começara aos onze anos e, agora com vinte,  remava nas corredeiras,  procurando  a cada vez  as  mais difíceis de transpor.  Já dominava  as  de grau três;  o próximo desafio seria  em rios com corredeiras de graus quatro ou cinco  de dificuldade.  Viajou para a Califórnia  onde no  braço norte do American River  poderia testar a sua destreza.

Manu e seus dois amigos, Laís e Bill, lançaram-se às águas junto com outros experientes caiaquistas.  Manu passou as duas primeiras corredeiras sem maiores problemas. Na terceira não conseguiu escapar do turbilhão que a arrastava para baixo. O caiaque embicou para o fundo, girou e ficou com a proa enterrada entre as pedras  do leito do rio.  Tentou,  em apneia , empurrar o remos contra as pedras para alavancar   o caiaque mas sem sucesso. A força da água não permitia. Fez ainda  outro esforço derradeiro para se desvencilhar  do barco  rasgando com o canivete  a saia  de neoprene, mas em vão . Não conseguiu  impedir  a  respiração  e  tudo se apagou.

Viu-se então diante de um túnel  cuja extremidade distante era iluminada. Caminhou em direção  à resplandecente luz.  Da névoa luminosa surgiram vultos que lhe acenavam. Sua mãe, tios, e a prima de quem gostava muito, todos já falecidos.  Manu sentiu-se em paz e seguiu na direção dos vultos que,  com gestos  ritmados, a atraiam.  Queria muito ir ter com eles e  a cada passo as fisionomias ficavam mais nítidas e  atração mais forte.

Ouviu vozes insistentes: 

— Manu! Manu! Volte! Abra os olhos! Acorde!  Estamos com você!  - Eram as vozes de Laís  e Bill.

— Não quero! Não! Deixem-me  ir até eles!  - Repetia Manu...

Até que, súbito, a luz se apagou  e  os vultos sumiram . Abriu os olhos e viu os rostos de Laís e Bill próximos ao seu e sentiu que a enrolavam numa manta  macia e  aquecida.  Cerrou as pálpebras e  murmurou:

— “Então,  morrer é isto ? “

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