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A FLOR DE AMANCAES -Carlos Cedano

  

A FLOR DE AMANCAES
Carlos Cedano


A família húngara Czito caminhava de volta pra o hotel. O comércio já tinha fechado, eram dez horas da noite, tarde para esse pequeno povoado de não mais que uma centena de habitantes. Huacachina era um maravilhoso e único oásis em toda a costa do país. Esse oásis também tem sua própria lenda.

A lenda diz que uma princesa foi pega por um caçador, tomando banho na lagoa.  Ela fugiu,  e acabou voltando para a piscina,  e algo raro aconteceu: a piscina se tornou um lago e o véu de suas roupas tornaram-se as dunas. Os rumores dizem que ela vive até hoje no fundo do lago de Huacachina como uma sereia.

Já era o segundo dia da família nesse lindo oásis. O dia anterior tinha sido intenso e também extenuante. Tinham caminhado nas areias. E como cansa!! - Exclamou Gregy, o marido. Também passearam de buggy subindo e descendo as dunas que rodeiam a lagoa.

A pequena Aniko queria saber se poderia ver a princesa do lago. O pai explica que ela é uma lenda, ela não é real, e não pode ser vista. 

Hoje foi dia do sandboard, também nas dunas. Deslizaram nas areias brancas e finas com certa velocidade, foi muito emocionante comentou a pequena Aniko. Com sua mãe Ilka nadaram na lagoa e o frescor de suas águas os revitalizavam.

Como seria o último pernoite no oásis, a família decidiu caminhar pela pequena trilha que contornava a lagoa entre o fim das casas a e o começo das dunas, a noite estava deliciosa e a lua cheia deixava-se ver em todo seu esplendor!

O casal caminhava devagar de mãos dadas e invadidos por um sentimento de amor e amizade que fazia tempo não sentiam. Estavam muito felizes em conhecer o oásis de Huacachina. Foi uma excelente ideia de Ilka! - pensou Gregory.

Enquanto conversavam a pequena Aniko foi adiantando-se sem que os pais percebessem.

— Cadê a Aniko? Perguntou Ilka.

 — Ela deve estar mais na frente - respondeu Gregory, e aceleraram o passo. Não demorou muito, já na próxima curva viram-na parada como se os esperasse, quando o casal chegou mais perto parecia estar “hipnotizada”, os pais chamaram-na pelo nome até que de repente foi como se acordasse.

— Que foi meu amor, aconteceu alguma coisa? - Perguntou Ilka. Lentamente Aniko sorridente disse que se encontrou com uma moça linda, morena, esguia, vestindo uma túnica da cor das areias. Vocês não a viram? - Perguntou a menina, — Não! - responderam os pais.

— Pois ela acabou de passar por aqui, justamente na direção de vocês! - Completou Aniko.

O casal se entreolhou surpreso e insistiu:

— Você tem certeza querida? - Perguntou a mãe.

— Sim! - Disse Aniko - sim mãe! Foi ela que me deu estas flores. Disse, mostrando sua mão direita e entregando-as para Ilka.

Como estavam bem perto do pequeno hotel, entraram e quando o dono os viu os cumprimentou e logo comentou:

— Vejo que estão com flores de Amanacaes!  Mas, estou surpreso por que essa flor está extinta nesta região e único lugar onde ainda floresce fica longe de aqui, é uma flor muito frágil e de curtíssima duração. Ou será, como diz a lenda, que quando a princesa da Lagoa sente saudade da Flor de Amancaes ela vai procurá-la onde elas estiverem florescendo - completou o dono com um breve sorriso brincalhão.

O casal não respondeu, pediu licença e subiu pra o quarto. Logo viram Aniko dormindo placidamente com um sorriso nos lábios, a mãe colocou as flores no criado mudo,  e o casal deitou no leito sem falar, mas também sem conseguir dormir!

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