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O cofre - Mario Augusto Machado Pinto

Ovelha sendo resgatada por um pastor [www.BiblePictureGallery.com]


O COFRE.
Mario Augusto Machado Pinto

Chegado aos 60 anos, pequena estatura, físico adiposo, maneiroso e modesto no viver, Nicholas é um tipo que passa despercebido,  sabe disso e cultiva essa característica. Passou por muitas situações de perigo e desenvolveu esperteza fugindo dos exércitos invasores de sua terra, Helos.

Agora fugia do exército de Felipe V da Macedônia que após derrotar a frota de RODES na LADE avançava em direção a PERGAMO saqueando o território e atacando cidades em CARIA.

Tratava evitar o saque de seus bens. Comprou um lote de carneiros e, no meio deles,  de madrugada levava um amarrado de cada vez a um esconderijo num pasto nas montanhas que bem conhecia. Ali, num cofre de metal e couro, guardava copos, pratos e talheres de prata, ânforas feitas por Kletos, seu artista predileto, moedas de ouro e pedras apropriadas para lapidação além de objetos de mármore e ágata. Era “seu tesouro”.

Apesar de seus cuidados, os vizinhos notaram a constância das subidas às montanhas levando seus carneiros a pastos remotos e sempre portando um fardo maior do que seria necessário para levar sua comida e bebida. Nada diziam, mas comentavam entre si. A curiosidade era cada vez maior, principalmente no que viram na madrugada passada: Nicolas carregando um embrulho bem grande.

O caminho para os pastos era sinuoso com passagens estreitas entre as pedras. Nicolas fazia trajeto próprio, diferente do habitual, afastando-se para não ser visto.

Levou horas nesse esconde-esconde até entrar numa gruta e dela sair com um cofre. Nicolas se concentrou em abrir e remexer o seu conteúdo até encontrar o que queria. Passou a alisar os objetos e a murmurar uma canção.

Assim ficou muito tempo alisando os braços de mármore da Vênus de Milo.



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