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Tal pai, tal filho - Fernando Braga


Tal pai, tal filho
Fernando Braga

Rui, com 11 anos perdera seus pais, ficando órfão, sendo criado por sua tia em São Paulo. Seu pai era um saxofonista conhecido pelo apelido de ¨Cachoeira¨, por ser barriga verde, natural de Cachoeiro do Itapemirim, terra também de Roberto Carlos, o Rei.

Desde a adolescência, Rui que adorava seus pais, guardava lembranças e não se cansava de limpar e alisar o saxofone, que seu pai deixara, e a pequena medalha, presa por um alfinete dourado, que havia ganho em um concurso de vários instrumentos musicais, patrocinado pela secretaria de cultura.

 Aos 18 anos, conseguira entrar na faculdade quando decidiu de vez, ter como hobbies, além dos estudos, o jiu-jitsu e aprender a tocar sax. O instrumento ele já tinha, e dos bons. Foi difícil arrumar um professor para este instrumento e, só o conseguiu em Tatuí, no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, fundado em 1950, obra do estado, quando Garcez era o governador. Sabia que Tatuí era a cidade interiorana, que com mais carinho se cultivava a arte entre seus filhos e que, a 130 quilômetros de São Paulo, era considerada a capital da música no Estado e certamente no Brasil.

Assim, além da faculdade e do esporte, duas vezes por semana tomava a via Castelo Branco e das 15 às 18 horas tinha aulas de início musical e depois de sax. 

Ficou conhecendo o nome e a obra dos grandes saxofonistas brasileiros como Abel Ferreira, Vitor Assis Brasil e outros, e dentre os americanos o grande, o maior, Dizzy Gillespie.

Após ter tido seis meses de aula, seu professor fez tomar conhecimento de que tinha grande potencial, aptidão e facilidade para dominar o sax, devia continuar em frente, e em pouco tempo tocaria como seu querido pai, a quem ele conhecera.

Na Faculdade além dos estudos, conseguiu junto ao centro acadêmico reunir um grupo de colegas, que como ele, gostava muito de música. Organizaram um sexteto, com pianista, violinista, violonista, baterista, uma cantora, e ele próprio.

Com o tempo, ficaram conhecidos por todos os estudantes, pelos professores e quase sempre nos fins de semana, animavam festas e também saiam para tocar em alguns clubes do interior, o que lhes proporcionava muito prazer e ainda, uma boa quantia para ajudar a pagar os estudos. Deixou crescer seu cabelo para ficar mais parecido com seu pai e também com Carlos Gomes, de quem era grande entusiasta, desde que a primeira vez ouvira O Guarani.

Após 5 anos, em sua formatura, o grupo   musical, agora em número de doze, fizeram o encerramento da solenidade, tocando para o enorme público presente, cinco músicas populares brasileiras, e dentre elas o Carinhoso que escolheram para encerrar o repertório. Durante a execução desta última música, Rui adiantou-se ao grupo e solou em seu sax, com tanto sentimento e interpretação a música de   Pixinguinha e Braguinha, que no final podiam-se observar lagrimas correndo de muitos olhos e também dos seus próprios.


Esta era a música preferida de seu pai, que agora ali, naquele momento, também estava presente!

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