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A pequena família - Maria L. C.Malina


A PEQUENA FAMÍLIA
M.Luiza de C.Malina

Maria Cristina, em seus dezesseis formosos anos, exibe o faiscar do tão invejado  brilhante em seu dedo emoldurado pela exótica aliança. Delgada, o brilho de seus longos cabelos negros, esquadrinha a beleza de seu semblante que reflete uma imensa paz interior.

Otávio Henrique oito anos mais velho, é um jovem magnífico. Porte alto, de educação aprimorada dentro dos padrões exigidos, formou-se na Universidade de Oxford. Ao conhecê-la teve a sensação exata de que um nascera para o outro. O destino os uniu.

Ambos, filhos únicos nascidos em berço de ouro e, apesar da boa fortuna,  assumem a direção das respectivas empresas paternas com olhar atento às necessidades dos operários. O trabalho em conjunto expande-se à outros países.
Poucas nuvens mesclam a vida rosada que levam.

Após cinco anos, o desejo por um herdeiro é reclamado pelos pais, ansiosos por entrarem na linhagem de avós.

A esterilidade de Maria Cristina é anunciada. O amor de Otávio Henrique surpreende. Ambos se completam e, enfrentam a realidade como um novo desafio.  A alegria da possibilidade de nascer uma criança desanuvia as preocupações dos pais.

Após muitas pesquisas, optam pela discrição. O método será seguro e absolutamente confidencial. Em acordo estritamente familiar, a escolha é feita pela mãe de Maria Cristina que havia se disponibilizado, caso necessário.

O casal transfere-se para o exterior. Neste meio tempo ele conclui um doutorado interrompido e ela, especializa-se em designer – uma vida atarefada, para dois jovens que resolvem alugar uma casa nas montanhas, acompanhados apenas pela mãe de Maria Cristina, Dona Laura e sua antiga ama-de-leite, a Nina.

Quando a gravidez foi anunciada, Maria Cristina, após os quatro meses, desfila e deixa-se fotografar, ostentando uma leve barriguinha artificial. Nina, sempre atenta aos seus afazeres domésticos as companha em animadas compras do enxoval, sem nada perceber e tudo a dedicar.
A vida transcorre normal. Dona Laura em paralelo apresenta uma leve engorda, o que a faz usar roupas um pouco mais largas.

O destino de Nina a chama de volta ao Brasil. Passados outros tantos meses Nina, com seus problemas resolvidos retorna ao exterior, atendendo ao apelo da família. Torna-se babá da bela criança que havia nascido. No entanto, percebe a tristeza no rosto de Maria Cristina.

Sem saber, procura por Dona Laura. Com as notícias nada boas, pede que lhe seja permitida uma visita ao hospital. Encontra-a com o semblante radiante, de quem em sua plenitude, havia conseguido chegar ao tão prometido Céu.
Dona Laura é submetida a diagnósticos variados para a vida vegetariana que lhe foi acometida.

Nina limitada na sua modesta cautela, e na simples compreensão dos fatos, acarinha-a demoradamente em seus pensamentos, suspirando:
- Que pena, queria tanto um neto e, agora não pode tê-lo em seus braços, ouvi-la chamar de Vovó.

Maria Cristina sabe o quanto Nina foi importante na vida de ambas. Sofria calada, pelo seu desejo de ser mãe, sem nada poder revelar a Nina. Desmaia.  Nina a ampara pegando a pequena criança no colo, que chora com a queda repentina. Novamente, Nina torna-se ama-de-leite.

Devido à doença misteriosa de Dona Laura, a família resolve continuar no exterior. Novo direcionamento ao tratamento apresenta uma melhora acentuada.

Ao mesmo tempo Maria Cristina, com a tal da melancolia tratada com florais, começou a ter seguidos desmaios. Submetida a uma batelada de exames, a confirmação de seu problema evidenciou-se rapidamente. Está gravida.

O mundo, ao redor de si, é invadido pela energia transformadora do amor, em que tudo é possível. 

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