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A FILHA CASAVA, EU QUASE DANCEI. - Oswaldo Romano



A FILHA CASAVA, EU QUASE DANCEI.
Oswaldo Romano

            Conto o que aconteceu neste último sábado.

            Casava a filha do Edmundo, um velho companheiro com quem sempre compartilhamos nas suas construções procurando assim fazer mais um pé de meia para o futuro da família.

            O casamento estava marcado para as 19:30. A cerimônia religiosa seria realizada na sala preparada no próprio  espaço  do evento, na Rua Tabapuã chamado Leopoldo.

            — Pai, telefonou meu filho que reside no Real Parque, também convidado. — Venha até aqui e iremos em um só carro. Mas não se atrase, tenho que levar um pedido do Edmundo pouco antes da cerimônia.

            Livre de dirigir por mais tempo, em casa comecei a tomar alguns, mesmo antes do banho, já preparando ficar calibrado para a grande festa.
            Na ida, todo feliz, terno e gravata, a mulher de longo, pela primeira vez me dei com a polícia. Na marginal, próximo a Ponte Estaiada fui parado pelo comando da Lei Seca.

            Com um estridente silvo de apito, ordenou que eu encostasse. Sujou, pensei. Mal começava abrir o vidro...

            — Documentos, por favor.

Era jovem, parecia meu neto.

            — Pois não, seu guarda.

Abri o porta-luvas, retirei e entreguei os documentos do carro.

            — A carta, por favor?

            — Sim senhor, um momento.

            — Este é um comando da Lei Seca, senhor.

Nesse momento outro já vinha com o “penico”.

            — O senhor quer descer ou soprar ai mesmo.

Já pensou se algum conhecido me visse soprando aquele treco, quase no meio da rua?

            — Tudo bem amigo, eu desço, é mais cômodo.

Antes da minha vez, o próprio que trouxe o bafômetro o apanhou com alguma pressa,  Eu até gostei, enquanto justificava com o policial.

            Nisso toca meu celular. Era o filho que dando a bronca adiantou estar atrasado e que aguardaria na igreja, ou melhor, no evento. Aproveitei e já com o aparelho desligado, fiquei falando só:

            — Tenha paciência, claro que a noiva não pode esperar. Estou atrasado, por favor vai resolvendo por lá. Aguarde-me, logo estou chegando. Pra que toda essa braveza?

Falei como quem estivesse discutindo se justificando, o guarda ao lado. Minha mulher interveio:

            — Moço, seu guarda...


Ele antes de ouvi-la foi dizendo: — Tudo bem, tudo bem, podem ir. Faço como o juiz, bato o martelo e dou por encerrado.

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