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O casaco e o trem - Maria Amélia Favale

 

O casaco e o trem
Maria Amélia Favale
         
         Sentada comodamente esperava o trem, quando vejo que ele já está parando na estação. Corro para embarcar, e logo me acomodo em um banco.

         O fiscal que recolhe os tíquetes vem para ao meu encontro e pede o meu bilhete. Entro em pânico quando descubro que o deixei no bolso do casaco, que esqueci no banco na estação. Causou-me angústia, além de precisar comprar outro bilhete, o casaco foi presente de aniversário de minha mãe.

          A situação piorou, ao lembrar que o dinheiro que trouxe comigo seria para tomar um lanche e comprar outro bilhete de trem para voltar para casa.

           Como tinha várias coisas para fazer andei bastante e fiquei cansada. E pior, com muita fome. Pensei que se eu gastasse o dinheiro para comer, não sobraria para comprar a passagem de volta. Porém, como minha casa ficava no máximo uns três quilômetros dali,  decidi que poderia ir andando. Entrei na lanchonete e comi um belo Cachorro Quente, e ainda tomei sorvete. Estava sentada em um banco alto ao lado do balcão, e quando fui descer meu salto prendeu, forcei para tirá-lo, e não deu outra, fiquei com o sapato na mão sem o salto.

Hoje não era para eu sair da cama!

Tudo de errado estava acontecendo. Sai da lanchonete com o sapato na mão, fui mancando com só um pé de sapato.

             Até que uma amiga e vizinha ia passando por mim, e me viu naquela situação. Contei os detalhes, ela disse: Sua fase de falta de sorte, melhor dizendo, de azar acabou. Estou com o carro logo ali e levo você para casa.

              Minha alegria foi enorme, queria abraçá-la, beijá-la.

— Não se preocupe. Você já me ajudou tantas vezes. É um prazer corresponder os favores que têm feito para mim.


               Minha falta de sorte não foi tão ruim. Posso dizer que foi um final feliz.  

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