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PESQUISAS PERIGOSAS - Mario Tibiriçá



PESQUISAS PERIGOSAS
Mario Tibiriçá

 Aos  cinquenta e dois anos, o professor Giuseppe Speranza,  dava aulas aos alunos do ultimo ano da faculdade Federal de medicina. Com  cursos na Europa e EUA, respeitadíssimo  nos círculos acadêmicos  internacionais, desenvolvia projetos de medicina nuclear, especialmente se dedicando aos novos medicamentos  na permanente  busca de soluções  para as moléstias infecciosas.

Estava atravessando um período de alegria e felicidade, pois  em breve,
receberia totalmente equipado  um novo  laboratório, fabricado e   financiado  pela empresa, Laboratorial Equipos.

Já há alguns anos,  lutava contra a falta de recursos para melhor equipar seu laboratório, solteiro e homossexual, tinha vida sedentária, apenas dedicada á medicina.

Enquanto se ocupava nas aulas, um seu secretário, Dr. Figueira competente e invejoso, acompanhava  e cooperava  no  desenvolvimento das pesquisas, contribuía também ,junto a empresa que montava  as novas instalações do novo laboratório, com frequentes e demoradas reuniões com a diretoria  do Laboratorial Equipos Ltda.

Eis que, em uma dessas reuniões reservadas, alguém sugeriu que  seria
altamente lucrativo  para  o Laboratorial,  manter a posse total do empreendimento já que construía, equipava, financiava e organizava  o novo   laboratório,  que certamente proporcionaria altos lucros.

Dr. Figueira encantou-se com  tal proposta, e desde logo começou   a imaginar-se  com participação em  tal  negociata. Tão eufórico  ficou com o projeto, que se  comprometeu em afastar Dr. Giuseppe do assunto, quando alegaria dificuldades intransponíveis para  terminar, montar e organizar o laboratório.

Dentre seus  planos, tinha conhecimento de  antigo envolvimento  do professor, com um aluno, durante  algum tempo, que terminou  ao final, no rompimento da relação, inclusive com a reprovação do  jovem Apolônio  Ferreira.

Procurado, o jovem que  frequentava classe inferior na  faculdade, até se interessou,  ao saber que o Dr. Figueira abriria as  portas do laboratório, lhe  entregando  chaves que lhe permitiriam entrar a qualquer momento para  trabalhar ou estudar, sem qualquer outro problema.

O planejamento para afastar Dr. Giuseppe estava em andamento...

Alguns dias depois, naquela manhã de quente e modorrento  sábado,
Dr. Figueira solicita ao jovem Apolônio que vá ao laboratório, onde terá oportunidade de  assistir e conhecer novas vitórias do conhecimento científico sobre as enfermidades.

Dr. Giuseppe, trabalhava ativamente nos seus frascos, quando Dr. Figueira informa que está saindo, para algumas compras para o laboratório e que voltaria rapidamente, mesmo porque, o assunto que tratava Dr.  Giuseppe era altamente confidencial.

Este debruçado sobre  a prancheta, sentiu apenas um  forte ardor na
Nuca. E foi tudo o que sofreu, quando a bala explodiu no seu cérebro e
teve morte instantânea.

Quando Dr. Figueira retornou ao laboratório, encontrou  o cientista estirado no chão entre cacos de vidros, garrafas quebradas e anotações molhadas. Imediatamente  chamou a policia, que logo cheou acompanhada da imprensa.

Dr. Figueira estava cansado  de ser “Pau mandado”, um subalterno apenas para pequenos trabalhos.

Falando ao delegado, Dr. Figueira, informa que o jovem Apolônio Ferreira, que  havia tido um “affair” com o professor, e fora reprovado  depois de um  afastamento,  também participava dos trabalhos, e inclusive tinha as chaves do laboratório para  entrar ou sair a qualquer momento.

Chamado às investigações,  o rapaz confirmou seu relacionamento com o professor, todavia consternado pelo  fato, descartou ódio pessoal e logo  comprovou seu álibi, por estar aquela hora  trabalhando em um hospital, onde foi confirmada sua presença.

Agitada pela imprensa,  pois  a vítima tratava-se  de personagem importante, a  opinião pública  dividia-se em acusações ao jovem Apolônio,  suspeitas do subalterno Dr. Figueira.

O suspense  aumentou quando informada de que o Dr. Figueira    havia convidado Apolônio  para naquele  sábado sangrento, ir á tarde ao laboratório, e que felizmente não fora face  compromissos junto ao hospital onde trabalhava.

Apolônio sentia-se  vítima de  circunstâncias, pretendiam colocar a  culpa no “bobo da corte”, enquanto os culpados sairiam livres.

Após dias de tensão, a policia encontrou vestígios  de solado  de calçado  no piso do laboratório, que confrontado com os sapatos dos  suspeitos  levou-a  o conclusão do assassinato cometido pelo Dr. Figueira, que na  ânsia de confirmar a morte do  professor deixara marcas de seus sapatos nos líquidos derramados quando do atentado.


Toda a quadrilha do laboratorial, inclusive Dr. Figueira, foram presos, para cumprir  alguns anos  de “estudos especiais”. 

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