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Perfeito se não fosse... - Dulce Azevedo


Perfeito se não fosse...
Dulce Azevedo

Veneza, cidade fantástica que atrai milhões de turistas o ano todo. Cercada de canais que nos fascinam e nos levam a lugares cheios de mistérios e segredos. Foi pensando neles que decidi passar o carnaval por lá. Apropriei-me de todos os costumes e manias para esse evento importante e esperado durante todo o ano pelos europeus.

Tratei de formar uma boa turma de amigos e convida-los para que desfrutássemos juntos dessa experiência ímpar. Decidimos que seriamos Pierrôs e Colombinas para passarmos despercebidos. Sim, essa era a intenção, a sensação dos antigos ricos venezianos que gostavam do total anonimato em uma festa tão popular onde todos tinham a mesma posição social. Dei ênfase maior à minha máscara, caprichei bastante, escolhi um metal que brilhasse como ouro e cravejei diversos cristais sakarovisk sobre ela. Nossa, ficou lindo!!

Chegou o grande dia, embarcamos todos no mesmo avião, parecíamos adolescentes em viagem de formatura, tudo era motivo de piada. Depois de nove horas de voo chegamos ao esperado destino: VENEZA. Hospedamo-nos e descansamos, pois a noite seria muito agitada.

A hora chegou! Saímos do hotel em turma como combinamos. A noite estava linda uma lua cheia vibrante nos contemplava nem se tivéssemos encomendado seria perfeita assim. Lá fui a caminho da Praça São Marcos. Ao caminhar observei o reflexo que minha máscara. Ela produzia mini estrelas que abriam meu caminho. Por onde eu olhava as pessoas fantasiadas surgiam, de vielas estreitas ou gondolas aportando, gente de tudo que era lado. Não saberia escolher qual era a fantasia mais bonita, pois elas eram muito coloridas e tinham uma combinação de cores (roxo/amarelo, laranja/marrom, azul/prata e preto/dourado) que se refletiam com a lua cheia, e a praça ficava candecita e contrastava com os Pierrôs totalmente brancos. Pura Magia. 

Começamos a nos movimentar para o centro da Praça e ouvimos a músicas venezianas com sons de violinos, harpas e outras cordas. O clima estava perfeito. De repente o som mudou, foi para tecno e depois samba. Ah, esse sim agitou todo mundo. De um lado trenzinhos humanos, do outro uma massa em erupção. Todos pulando insanamente, uns com gingado outros totalmente ensandecidos. Essa sensação me despertou, comecei a pular de um lado para o outro sem nenhum controle, estava gostando daquele estado de excitação, fiquei completamente absorvido por tudo, entrei em transe. Esse foi meu erro, perder o controle da situação, fui empurrado de um lado para outro, e acabei ficando tonto quando me jogaram ao chão e perdi minha máscara brilhante e poderosa, pois com ela me sentia um rei no meio do reinado. E em poucos instantes perdi o trono, meu amuleto e meus amigos.


Ao fim, me conformei porque tinha vivenciado os bons momentos que ela me proporcionou. Muito mais do que eu podia imaginar...

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