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MINHA PRIMEIRA FLOR! - Carlos Cedano


MINHA PRIMEIRA FLOR!
Carlos Cedano

Passou por minha cabeça a fantasia que aquela linda criatura poderia ser minha amiga! Com certeza, a mesma fantasia  estaria presente em todos esses caras vindos de todos os cantos do mundo.

Essa improbabilidade não me impediu de sonha-la e admira-la. Como era bonita! Parecia uma donzela medieval que se encaixava perfeitamente no local de nossa faculdade, um prédio do século XV. Guardei essa tênue esperança bem dentro de mim!

Dias mais tarde ela, finalmente, respondeu meu “bom dia” com um leve sorriso.

Sabia que seu nome era Marike, mas quem não sabia! De certo ela não sabia o meu. Ledo engano! Um dia no restaurante universitário estava com minha bandeja procurando um lugar quando a vi. Ela me olhou com naturalidade e disse: Marcos, você não quer sentar comigo? A cadeira a minha frente está livre. Minhas pernas tremeram, porem me refiz de imediato:  

                — Quero sim Marike! - Ajeitei a bandeja na mesa -  Vejo que na faculdade as pessoas sabem rapidamente o nome dos colegas.

                — No meu caso não foi bem assim – respondeu - eu tive que perguntar o seu nome a várias pessoas. Foi uma moça chilena que me disse.

Percebi sua desenvoltura e espontaneidade perguntando sobre mim, minha família e sobre meu país. De seu lado soube que era filha única, nasceu e mora em Bruges, e toca violoncelo. Após essa breve conversa ficamos de nos ver outras vezes.

De fato isso aconteceu. E aos poucos ficamos muito amigos. Numa das conversas ela indagou sobre meus hobbies e falei que eram futebol e leitura. Perguntou-me se gostava de música clássica e respondi que gostava, mas que minha formação nessa área era precária.

Um dia Marike estava na porta da faculdade, quando me viu, veio em minha direção:

                — Marcos, você não gostaria estudar comigo no meu apartamento? Eu costumo  escutar música enquanto o faço. Acho que você também gostará.

Marike tinha a virtude de sempre me surpreender, e aceitei logo seu convite. Foi ela que, com paciência e carinho, me iniciou nas delicias da música clássica.

Meses depois eu ainda não estava bem certo do que ela realmente sentia por mim. Era só amizade ou, talvez, a falta de um gesto ou palavra minha mais ousada a impedia de mostrar algo mais que amizade.......Eu temia arriscar!

Precisava de um modo diferente de dizer a ela quanto a amava! Precisava de uma linguagem diferente! Mais sutil.

Após a publicação dos resultados dos exames nosso Centro de Estudantes Estrangeiros realizava o tradicional baile de despedida. Convidei-a pra a festa e ela aceitou.

Chegou o dia! Passaria pelo seu departamento e iriamos caminhando até o clube do Centro que ficava de sua casa. Quando abriu a porta ela estava cativante e com um sorriso luminoso!

— Marike! Gostaria de vê-la com  este pingente que me chegou de meu país. Posso coloca-lo para você?

Era uma pequena e bela joia com esmeralda que a encantou e emocionou. Ela agradeceu com um misto de alegria e lágrimas.

— Marcos espera um minuto querido, eu também tenho um presente pra você! Quando voltou trazia uma rosa vermelha na mão e a entregou-me dizendo:

                — Ela te diz alguma coisa, meu amor?

Abraçaram-se, olharam-se e se beijaram. E, de mãos dadas, caminharam lentamente até o lugar da festa!


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