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UMA ODE PARA LUCRÉCIA - Carlos Cedano

 
UMA ODE PARA LUCRÉCIA
Carlos Cedano

Ela era a coqueluche do pedaço. Almoçava todos os dias no mesmo restaurante onde cinco amigos também o faziam. Morena alta, muito bonita num rosto calmo e sereno atraia olhares de admiração, mas ninguém se aproximava dela, tinha aura de interdição, de fruto proibido! Por isso,  ninguém sabia informar sobre ela, quem era, e o que fazia.

Os amigos, muito curiosos,  contrataram um investigador que prometeu obter resultados em dez dias.
            — Será que fizemos bem contratando um investigador? Perguntou Martin, advogado Junior e o mais novo dos cinco.

Era necessário sim Martin, nossa musa já estava virando uma obsessão. Foi a resposta firme de Miguel, o chefe da área.

— Concordo com você Miguel  - falou Roberto – essa moça estava tomando a maior parte de nosso tempo e já afeta  o andamento de nossos projetos!

— Verdade meus amigos, devo confessar que ela me faz perder o sono! Disse João Paulo, outro engenheiro.

— Bom – disse o último dos cinco amigos – quando vivo situações como esta me dá uma fome de leão e comeria um boi inteiro! Vamos almoçar?

Os dez dias de espera passaram muito lentamente, mas finalmente chegou o informe dirigido a Miguel. Ele marcou reunião num bar reservado. Na frente dos amigos abriu o envelope. O pessoal estava ansioso num clima de alta curiosidade, em resumo, o informe dizia que:

O nome da pessoa era Lucrécia, 22 anos, trabalha como assessora executiva numa grande multinacional e considerada pessoa de alta confiança do Diretor Geral. Também é estudante de psicologia e antropologia às noites o que indica a possibilidade de exercer sua profissão na conclusão dos estudos.
A moça é considerada muito inteligente e discreta. Ninguém informou ou sabia de algum relacionamento ou compromisso afetivo. Pratica ioga e viaja pelo menos uma vez ao ano de ferias ao exterior. Comunico que ela deverá estar de férias nas duas próximas semanas.

Em folha confidencial e sem timbre o investigador deu o nome da firma onde trabalha e o nome da faculdade. Endereço residencial e telefone particular não foram fornecidos.

            — E agora meus amigos, que vamos fazer? Perguntou Miguel.

Após intensa troca de opiniões porem sem nenhuma conclusão, Miguel falou novamente:

            — Acho que após conhecermos o informe cabe a cada um de nos tomar suas próprias decisões. Nossas conversas sobre Lucrécia devem ser evitadas na empresa e durante nossos almoços. Concordam?

Houve um assentimento geral e alivio.

Passaram-se duas semanas e Lucrécia reapareceu no restaurante. Parecia mais mulher, a flor tinha desabrochado! Os rostos dos cinco amigos no conseguiram disfarçar a alegria de sua presença. A grande surpresa foi quando Lucrécia se dirigiu à mesa dos amigos e disse:

            — Recebi um poema com a indicação UM DOS CINCO. O poema é maravilhoso e me tocou profundamente. Sei que o autor está nesta mesa. Não identifiquei outro grupo igual fora de aqui e este é o único grupo de cinco que frequenta este restaurante.

Antes que os amigos pudessem reagir Lucrécia continuou:

            — Vou ler as três primeiras linhas, se alguém de vocês sabe a continuação, por favor, diga-as.
Lucrécia leu e esperou.

                — Subitamente e para surpresa dos colegas, Martin – com voz pausada e firme  - completou o poema.

                —  Lucrécia com uma alegria acompanhada de seu mais bonito sorriso caminhou até Martin e disse: Gostaria sair agora com você, temos muito a conversar, não acha?

            — Sim! Respondeu Martin.

Deram-se as mãos e saíram.





               
UMA ODE PARA LUCRÉCIA

Morena, todos os pecados do mundo são de tua a cor!
Morena do sorriso embriagador!
Morena, não gostas de mim?
Morena, tira teus olhos de mim!
Morena, acaba com minha dor!
Eles só me ferem de morte sem deixar-me morrer!
                                              

UM DOS CINCO

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