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UM TURISTA PERTURBADO - Oswaldo Romano


UM TURISTA PERTURBADO
Oswaldo Romano                   
                                           
        Pablo ainda estava perplexo pela derrota da Espanha na Copa do Mundo, quando chegando ao Rio, hospedou-se num pequeno hotel de Copacabana, e se deu conta de que até o nome do hotel o perturbava: Copa a Cabana dos Craques.
        Bem,  iria aproveitar a praia, enfim não podia culpar a cidade pelo fracasso da sua “brava fuerça” espanhola.

        Ao sair do hotel o porteiro recomendou: Não leve o pochete dos documentos. Recordou-se de ter ouvido isso quando ainda na Catalunha. Então o recepcionista anotou seu nome no cartão do hotel “Leve isto, sempre é bom. Pode ser útil caso se perda”.

        Agora sim, Pablo estava preparado. Menos perturbado com os 7 a 1 postava-se frente a belíssima Copacabana. Era um simples turista. Apreciava gente bonita correndo no belo calçadão. Não teve dúvidas, entrou no ritmo. Criava assim uma passagem para contar na sua Catalunha. Mas, cansou. Sentou-se em uma mureta, ofegante. Relaxava quando se aproximou um pivete. Logo pensou que pediria uns trocados. Errou. Mostrando um estilete foi logo pedindo o relógio. Pablo indignou-se. Sentia o perigo diante da ameaça, não teve jeito.

Muito assustado fez a entrega. Só passado o impacto percebeu que tremia. Tremeu muito, esperava acalmar-se para ir embora. Perguntava-se: Por que o porteiro não lhe pediu também o relógio? Perturbado, pensou mil coisas. Até que ele seria conivente.

Quando se preparava para voltar ao hotel, aproximou-se outro tiziu. Para ver-se livre, foi logo levantando as mãos falando que já o robaron, que  su relog, ya toméron.

        E deu aquele sorriso amarelo.

        Eu sei, eu sei, sorriu o pivete. Agora gringo, seu tênis. Tire, rápido, rapide. Seu tênis ou eu te furo I bore you !

 Que mierda ! –  rosnou Pablo.

        Assim, Pablo ficou sem seus tênis. Não quis perder mais tempo. Levantou-se, correu para o hotel, descalço pisando o asfalto quente, dizendo para si:

        — Ah mi madrezita querida. Asi preciosa. Bueno que advertió. Yo retorno pronto, antes de mis roben los pantalones. (Volto logo antes que me tirem as calças).

        No saguão do aeroporto um cartaz dizia: Volte sempre, você será recebido de braços abertos!

        Pablo entendeu a mensagem. Con los brazos abiertos! Manos arriba, si.. Gruño, mierda, mierda, mierda.


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