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COISAS DA VIDA - Carlos Cedano


 

COISAS DA VIDA
Carlos Cedano

Marta....? Berrou Wilma a beira de um ataque de nervos.
Que foi? Perguntou Marta alarmada.
Perdi minha aliança. Já revirei toda a casa e nada. Meu marido tem ciúmes até de minha sombra! Disse com voz chorosa.
Primeiro se acalme minha amiga. Não foi ontem que você foi às compras?
Foi - respondeu a perturbada senhora - Então procura nesses lugares, talvez alguém a encontrou - palpitou sua amiga.

Com enorme esforço a esposa controlou seu desespero e lembrou-se de todos os lugares.  Pegou o carro e pisou fundo. Três horas depois já tinha visitado todos eles,  sem nenhum resultado favorável.  Ninguém tinha encontrado aliança alguma.

Voltou pra casa desolada, e num último esforço revirou o próprio carro Também sem resultado nenhum.

Ligou para outra amiga, que além de ser a mais velha delas também era a mais experiente nas coisas da vida, e lhe explicou seu drama.

        — Que faço, o que você me aconselha?  

        — Você não andou pulando a cerca, né? Não poderia tê-la esquecido na casa do Armando? Respondeu Maria com perguntas incisivas.

        — Não! Retrucou Wilma. Meu caso terminou faz mais de um mês. Não o vi mais. Foi só uma loucura de verão!

        — Ah, sim, sim. Você já pensou em simular um assalto na rua? Isso costuma funcionar.

         — Com Roberto não! Ele é muito perspicaz e vai perceber que estou mentindo. Preciso de outra sugestão.

        — Vou pensar numa outra coisa e te ligo. Ok? E desligou.

Sem muitas esperanças Wilma ficou em silencio um tempo,  e depois ligou para Marta: Acho que a melhor atitude será abrir o jogo com meu marido e contar-lhe que perdi minha aliança e não sei onde.

É um jogo arriscado Wilma,  será que ele vai engolir tua explicação? -comentou sua amiga.

Será pior se ele perceber antes sua falta na minha mão.  Vai virar uma fera! disse a esposa.

Você é quem sabe! - Respondeu Marta.

Por volta das vinte e duas horas tocou o telefone. Era Roberto que com voz firme e pausada pedia a Marta para espera-lo acordada. Tratava-se de um assunto urgente, e estaria em casa em vinte minutos.

Porra! Gemeu Wilma, aí vem chumbo grosso com certeza! – gemeu a esposa.

Vinte minutos após abriu-se a porta,  e ouviu-se a voz do marido: Wilma!

Ela levantou-se e foi ao encontro dele,  decidida a contar sobre a perda da aliança.

Roberto a olhou fixamente,  e antes que ela pudesse pronunciar uma palavra sequer,  disse:

        — Meu amor -  puxando a aliança de seu bolso - eu a tirei de sua mão hoje bem cedo, e você nem percebeu. Graças a Deus senão, teria estragado a surpresa.

Quase no mesmo momento a esposa soltou um grito alto e intenso que surpreendeu ao próprio marido:

        — Minha aliança! Procurei-a o dia inteiro! Você não imagina quanto sofri pensando que poderia tê-la perdido. Por que você fez isso meu amor?

        — Você não lembra que hoje fazemos vinte anos de casados? Perdoa-me mais precisei dela para me certificar do tamanho de teu presente - disse o marido,  ao mesmo tempo em que abria uma pequena caixa contendo um anel com um enorme brilhante. É do tamanho de nosso amor! Sorriu Roberto,  feliz com a demonstração de amor que Wilma tinha acabado de lhe dar!


Coisas da vida!

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