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UM INTRIGANTE SÁBIO - Oswaldo Romano





UM INTRIGANTE SÁBIO
      Oswaldo Romano                    
                                                                     
Minha versão da história do sábio Rajnaleesh. Tinha tudo para ser um alto membro do Califado. Sua personalidade impunha-se pela cultura, porte físico, cabelos longos, uma cara boa. Um personagem impar, vivendo na Arábia onde comercializava tapetes da região do Afeganistão.

 Alcançava sucesso nas vendas, embora não fosse o que mais queria. Pela sua cidade transitavam os mais estranhos viajantes, peregrinos queimados do sol, todos muito confiantes em si. Suas calças morriam dentro de resistentes botas feitas com couro cru, conservadas e lustradas com sebo de camelos.

Rajnaleesh via-se também cada vez mais com o pé na estrada, um desejo antigo. Nasceu para ser um peregrino. Imaginava agarrar um daqueles tapetes e voar pelas planícies. Considerava-se diante daquele povo da feira um intrigante versado.
         
Um dia resolveu sair, peregrinar e de conversa, só ouvir sua própria voz.  Pensava sempre nos fabulosos falcões, as aves inteligentes da região, de quem queria ser amigo, domesticando uma.

Cruzava cidades para se abastecer do imprescindível, tinha pressa e delas logo partir. Desta vez atravessando Medina, na Arábia Saudita presenciou um mercado onde a principal mercadoria eram os camelos. Ao deixa-la viu-se acompanhado de outro forasteiro que logo queria mostrar sua sabedoria, originando uma disputa de conhecimentos. Samir era seu nome. Também amante de camelos, dizia ter deixado uma faculdade de muçulmanos, onde lecionava, para entender melhor esse animal.

Rajnaleesh resolveu contar-lhe como usando sua inteligência, ganhou um camelo. Descrevendo o ocorrido, desafiou a sabedoria do professor para que desse a solução:

Foi assim. — Um dono de uma cáfila tinha 17 camelos, e deixou três filhos quando morreu. Aberto seu testamento, dizia que metade dos camelos ficaria para o filho mais velho. Um terço para o segundo e um nono para o terceiro. Eram 17, dar metade ao mais velho seria oito e meio. Ao segundo também impossível dar um terço, pois seria cinco e pouco mais que meio. Ao terceiro, um nono daria 1,8 de camelo.

 Você um mestre, mestre dos mestres, dê-me a solução.  Como foi resolvido?

   — Rajnaleesh, - disse Samir, sem matar um camelo vejo que é impossível a divisão.

   — Não é não Samir. Eu resolvi: Pedi aos três que comprassem mais um camelo. Ficaram 18 que: 50% para o primeiro ganhou mais do que o cálculo anterior, ficou com 9 animais; 1/3 de 18 para o segundo, também, aumentou para 6; e 1/9 de 18 para o terceiro, aumentou para 2. Assim receberam mais, sem matar nenhum animal.

     — Espere, espere. Você esta errado! Estou somando aqui: 9+6+2 dá 17 camelos!

— Então, falei para você que ganhei um!

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