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O CACHORRO FEROZ FUGIU - Oswaldo Romano


O cachorro feroz fugiu

Oswaldo Romano

                                                               
         Antônio, morador das Perdizes, com o tempo teve que se precaver dos ladrões. Levantou seu muro, instalou cerca elétrica de quatro fios e querendo resolver de vez, quis visitar um canil.

         Seria uma experiência nova o que o levou a consultar o tio Artur que há algum tempo passou pela mesma situação.

         Tinha em mente procurar resolver do modo mais fácil. Próximo da sua casa sabia de uma casa onde tosavam, davam banho e perfumavam os bichinhos. Nesse dia, seu tio Artur retorna o telefonema, desculpando-se não poder atendê-lo daquela vez. Foi explícito:

         — Antônio, você já comprou o cachorro?

         — Não, antes de ouvi-lo.

         — Que bom! Olhe, não compre em petshops ou classificados. Esses só visam ganhar no seu entusiasmo e são os meios de desovarem produtos que pairam dúvidas. Vou lhe mandar um e mail de um vendedor recomendado, ok?

         — Ok, obrigado tio. Lembranças à tia Albina.

         Agora mais seguro, foi, viu e comprou um Pastor Alemão, ainda novo, mas foi-lhe garantido tornar-se um grande guarda e que era de uma linhagem dos bravos.

         Cresceu, e do quintal arreganhando os dentes avançava em direção dos que passavam na rua. Ditinho, o estafeta, tinha-lhe o maior respeito. Estava protegido pela grade, assim o provocava.

         Antônio aconselhou o Ditinho para ter cuidado, pois o havia treinado para o ataque. Assim o estafeta passou a chamar o Rusty, com reservas, esse era seu nome. Pouco adiantou. Rusty vendo o Ditinho virava fera.

         Como estava sujeito a acontecer, um dia Rusty, num ímpeto pulou a grade. Ditinho jamais havia desembestado ladeira abaixo com tanta velocidade. Rusty com um palmo de língua para fora, a vantagem das quatro velozes patas, bufava correndo atrás. Não deu para o Ditinho. Caiu, rolou pela calçada, voou seu sapato. Rusty pulou em cima do coitado.

         Agitado, pegando-o pela roupa, Rusty a balançava e rosnava em cima do Dito. Dele viam-se apenas os dois enormes olhos arregalados.


         Rusty gostou da brincadeira. Alegre, latindo, chegou a lambê-lo. 

          Foi tarde, o Dito já tinha molhado a calça.

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