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UM ASSALTO - Mario Tibiriçá

 


UM      ASSALTO                                    
Mario Tibiriçá

Eram  duas horas e quarenta quando” Bum, bum,bum” os tiro  de um  trinta e oito ecoaram  em todos os andares do pequeno edifício de  três pavimentos , na rua Aramis 128, num bairro simples da cidade, junto ao centro.

Os moradores  dos seis apartamentos, entraram em pânico, gritos,  e correrias , pedidos de socorro,  enfim um grande susto e enorme  baderna.

No apartamento 32, Gilberto que estava no telefone celular, desligou, e como de seu lado estava tudo quieto, entendeu  que o problema não  era seu, deixou seu colorido e florido  roupão no cabide e entrou embaixo do chuveiro. Havia chegado a pouco da rua e estava merecendo um gostoso  banho.

Depois, após um  banho rápido vestiu seu roupão e prestou atenção  aos gritos de socorro que ainda ecoavam, e como  o barulho continuava  já se preparava para  verificar,  quando , ouve uma tremenda  explosão e a  porta  do  apartamento  voava pelos ares, e atrás dela  dois  homens armados entraram.  

Gilberto Eleuterio, 28 anos, enfermeiro de profissão, homossexual,  dava  gritinhos  assustados, começando a chorar, quando  um dos invasores disse:
—  Achamos uma  bichinha, não chora  meu bem... Não chora., tremendo  Gilberto apertava contra si  seu  roupão  colorido.

Bem  agora andando, vamos andando homem,  rápido.

Com um revolver ás  costas, Gilberto desceu  dois andares em direção a garagem, onde já encontrou vários moradores deitados no cimento  gelado, vigiados por um mal encarado  homem, portando uma metralhadora.

Virando –se para outros  homens que chegavam, dizia, andem logo, não podemos  ficar aqui muito tempo, em seguida mandou  Gilberto deitar-se com os outros,  este  correu  para deitar-se bem ao fundo da garagem, o mais longe possível  do mal encarado, que  gritava aos que choravam:

Calem a boca, senão  vou disparar esta belezinha e cortar todos ao meio, cambada  de  vagabundos.

Quando  Gilberto deitou-se  verificou surpreso que seu celular ainda se encontrava no roupão, eis que  ficou ainda mais apavorado com medo que o celular tocasse, mas  imaginou  pedir socorro pelo telefone.

Os homens esvaziavam  os apartamentos á procura de dinheiro, relógios, pratarias, relíquias ou outra coisa qualquer de  valor.

Traziam para a garagem o que encontravam e ali mesmo discutiam a divisão, em altos  brados, e diminuíam a  vigilância sobre os moradores.

Quando ainda uma  vez,  os moradores presos  ficaram sós com o mal encarado homem da metralhadora, Gilberto embora trêmulo sugeriu em  voz alta : Vamos  rezar gente, podemos morrer, sua  intenção era que  enquanto rezassem, o vozerio da reza facilitaria a ele pedir socorro, já que se lembrara  que o  numero da emergência era 106.

Ave Maria, começou e logo outros o seguiram em voz alta, o vigia ficou calado.

Tateando o celular, localizou  os números 106 e ligou, quando atenderam apenas disse “ Socorro, assalto no condomínio da rua  Aramis 128, meu  nome é Gilberto, desligando em seguida. O da metralhadora nada percebera.

Mais alguns minutos  voltaram os comparsas, logo gritando para os que rezavam  “ Calem a  boca palhaços “

E aí perguntou o  vigia, terminou, é melhor darmos o fora.

Sim, já recolhemos tudo desses  putos, vamos colocar nos sacos e sumir.

Nesse instante, entra correndo outro  bandido dizendo: 
“ Deu merda tá cheio de policia lá  fora”.

O  chefe disse, vamos  negociar, se não deixarem sairmos, matamos algum desses  bestas  deitados aí.

Vamos lá  fora negociar disse o chefe, porem nem precisou, junto a porta  externa   da garagem um policial armado perguntou : Aonde pretendem ir ?

Sugiro que se entreguem, podem liquidar um ou outro morador, mas mataremos todos  vocês.

O chefe dos  bandidos baixou a arma. Todos  se entregaram.

Liberados os moradores, cada um recolhia suas coisas, enquanto o policial mais  graduado perguntava que era Gilberto.

Este se apresentou e contou sua artimanha para telefonar,  superando  o medo que sentia. Os moradores  festejaram a iniciativa de Gilberto.

          NADA  INSPIRA  MAIS  CORAGEM  AO MEDROSO DO QUE O  MEDO ALHEIO

                                    Umberto Eco  

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