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POBRE GANHA NA LOTECA, UMA HISTÓRIA ENGRAÇADA NÃO FOSSE PLANGENTE - Oswaldo Romano




POBRE GANHA NA LOTECA, UMA HISTÓRIA ENGRAÇADA NÃO FOSSE PLANGENTE
Oswaldo Romano                      

            Pobre, a beira de pedir auxílio, vivia na porta de um despachante.

            Eduardo Varela ali rodeava, desejando lhe fossem dados pequenos serviços.

 Sua instrução, gabava-se saber datilografia, estudo com que esperava iniciar sua carreira.

            Tinha o sonho da maioria dos brasileiros, ganhar na loteria. Separava os poucos trocados que conseguia e toda semana fazia seu joguinho, a chamada fezinha. Um pequeno vício, ruim na sua situação, que prejudicava o próprio sustento.

            Levou um susto em 1.972. A sorte bateu em sua porta. Eu diria para seu azar. 

Ganhou dezoito milhões de cruzeiros, moeda da época, o maior prêmio distribuído até então. O Brasil ficou conhecendo e se questionando: Por que não eu? Ardia a orelha do felizardo, Dudu da Loteca. As mulheres fascinadas deste imenso país tinham vistas, sonhavam com o novo milionário.

            Dudu deslumbrado, saiu esbanjando. Esnobado, mas sua inexperiência  o aliou como “amigo” um vigarista de classe. Seu nome, Samuel, um esperto trapaceiro. Portava uma máscara de alto executivo.

            Dudu era o homem da vez.

            Junto com seu comparsa saiu comprando imóveis. Em Campos do Jordão, dois hotéis, em São Paulo e Rio, salas comerciais, terrenos e um famoso apartamento na Vieira Souto, Rio de Janeiro. Samuel recomendou-lhe por segurança colocar os imóveis em nome do sogro. A praça desconhecia essa manobra, assim não demonstrou possível armação futura.

            Dudu, uma figura diferenciada, falar a seu nome, abria de imediato o caminho para qualquer negócio. Samuel deitava e rolava usando-o para muitas transações. Resolveu encher, facilmente, alguns armazéns com qualquer mercadoria: Televisores, material de construção, geladeiras e toda linha branca, móveis, quadro de artes, bicicletas, monta-cargas, náuticas.  

            A solércia do Samuel não tinha freios. Afinal Samuel era o imediato do Dudu, o novo milionário e em seu nome comprava, era respeitado, bajulado.  

Toda esta história tem lances cinematográficos. Preciso resumir:

            Aconteceu numa grande loja de materiais para construções, um golpe semelhante ao dado em dezenas de estabelecimentos. Nessa loja o gerente Carlos, ao recebê-los convenceu-se de uma futura grande venda. E aconteceu. Mostrando autoridade não consultou a direção, seria uma venda inusitada, liberando um grande crédito, um grande pedido.

            Ao fazer as entregas, segundo um motorista, verificou-se que seus armazéns estavam lotados. Fila de caminhões a espera de descarga, chamava a atenção. 

Suspeitou-se que seria impossível cumprir o pagamento de tudo que compraram. 

Alertados, uma corrida dos fornecedores procurava defender e retirar suas mercadorias. Tarde demais. A justiça já havia decretado sua falência, e bloqueado seus bens.

            O gerente da loja de materiais em questão, o Carlos, foi sumariamente despedido, logo depois de tentar converter seus erros.

            Forçando-se a entrada nos armazéns, do jeitinho brasileiro, o diretor de vendas, retirou grande parte do material fornecido. Não adiantou. A justiça classificou todo material retirado invendável, elegendo a loja e os demais fornecedores “Fieis Depositários”. Não demorou os Fieis Depositários tiveram que devolver à massa falida o que haviam considerado salvo.

            Pouco antes, deslumbrado no auge do seu sucesso, perdeu-se no meio de tantos lances e surpreendentes trapaças próprias e dos seus assessores.  

            A mulher que tinha em casa, já não lhe servia. Consta que sua separação foi armada, ou melhor, apoiada pelos assistentes.

            Com isso os imóveis que estavam em nome do sogro, pelo direito, nenhum foi devolvido, uma represália ao desprezo dado a sua filha.

As lojas perderam grandes valores. Essa cujo gerente era o Carlos, mais de cem mil. 

Abalados assistiram, não uma história engraçada, mas de um imbecil. O famoso Dudu da Loteca sofreu muitos processos. Ficou remediado, chegou seu fim e o que lhe sobrou da fortuna, foi um balde de pó.


“A RIQUEZA SEM A VIRTUDE É MAIS DESASTROSA QUE A MISÉRIA”

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