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REFORMA AGRÁRIA - Mario Tibiriçá



REFORMA  AGRÁRIA
Mario Tibiriçá

Tonho do Jegue  preto, era muito conhecido na vila próxima de seus alqueires de terra, que  mantinha cultivados, e tinha tal apelido porque ele mesmo era de  cor,  fazendo  par  permanentemente com seu jegue.  Homem forte trabalhava na sua chácara  de sol á sol, bem humorado, tranquilo, porem, que não o provocassem pois teriam resposta imediata

Sua  lavoura há mais de dez anos, mantinha o sustento da casa e de sua  família.

Recostado á sombra de uma  arvore, degustando seu cigarro de palha Tonho ouve barulhos de caminhões se aproximando pela estrada, e verifica muitas pessoas nas carrocerias, gritando e fazendo  barulho.

Um dos caminhões  parou á sua porta e um mal encarado homem  gordo com  cara de maus  bofes se aproximou.

— Boa tarde, meu nome é Jeronimo de Souza, sou o responsável  por estes homens.

—  O senhor é o dono  dessa  chácara ?

—  Sim, há quase dez anos, comprei a terra, oito alqueires e moro aqui.

—  Quero comunicar  ao senhor, que devidamente autorizados  pelo  ministério da agricultura e pelo próprio Presidente, viemos tomar posse dos alqueires não cultivados, pois faltam terras para estes homens trabalharem.

— Um momento disse Tonho, isso  não é assim, comprei e paguei por estas terras, vão para outro lugar, não posso aceitar essa indevida  invasão na minha propriedade, mesmo com alguns alqueires ainda não cultivados.

— Mas o fato é que os homens estão aqui e vamos tomar posse dessa terra, disse o gordo.

— Aqui não entra ninguém  disse Tonho, não interessa quem autorizou, comprei, paguei e estou aqui há mais de dez anos vá embora e leve seus homens.

— Eu vou disse o Gordo, mas falarei com o delegado e mostrarei meus papeis e minhas autorizações.

— Vá  falar com quem quiser, aqui não entra ninguém.

O homem entrou no caminhão e se foi.

Tonho, foi para casa, preocupado, mas resolveu não dizer nada para a mulher, imaginando que no dia seguinte resolveria tudo com o Delegado seu conhecido.

Preocupado ainda Tonho achou por bem  limpar e   engraxar sua escopeta, que sempre o  acompanhou.

Dia seguinte, logo cedo Tonho postou-se na porteira, de escopeta em punho aguardando qualquer problema.

Uma  hora mais tarde, ouviu homens se aproximando aos gritos “ Queremos trabalhar”, também temos direitos, queremos  viver.

Á frente um baixinho açodado abriu a porteira para os demais e Tonho gritou: “Quem passar vai  morrer “.

Atrás da tropa alguém atirou e  a bala acertou a perna de  Tonho.

O grupo avançou, e outro tiro acertou  Tonho  na cabeça e o fez rolar ao chão.


A massa popular desordenada entrou pelo sítio á dentro procurando e escolhendo o  melhor pedaço de terra para trabalhar, na pseudo reforma agrária.

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