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ALBERTO SANTOS DUMONT UMA FRAÇÃO DA SUA HISTÓRIA - Oswaldo Romano






ALBERTO SANTOS DUMONT
UMA FRAÇÃO DA SUA HISTÓRIA

Oswaldo Romano           
                                             
         Ricardo Lenz Dumont Villares é um amigo e juntos participamos de um empreendimento imobiliário.

         Foi quando fizemos o Condomínio Toriba Resort em Campos Do Jordão. Dumont, ou melhor, Ricardo descendente da família de Luiz Dumont Villares proprietária do conhecido Hotel Toriba, com Elisa, herdeira no comando, permitiram destacar das terras do hotel dois alqueires para esse empreendimento.
         Nessa ocasião jantando no seu conhecido espaço chamado Tarandú, minha curiosidade quis ir mais fundo:
         — Ricardo você é um apaixonado por cavalos, até aulas de hipismo proporciona neste seu parque, patinação no gelo, tirolesa e tantos outros divertimentos, com esse nome Dumont devia ter aqui um aéreo clube. Quero que me conte um pouco dos seus antecedentes. Do famoso inventor. Porque Dumont, porque Villares?

         Lenz com Villares é uma união de fazendeiros, conhecida, quatrocentona. A história dos Villares pioneiros no desenvolvimento de elevadores, você me contou quando nos encontramos na sucessora Atlas.

         Agora mais um copo de vinho, e fale um pouco do Dumont.

         — Romano, a história e longa, porque só o Alberto teve sete irmãos. Eu mesmo tenho que de novo puxar pela memória, para lhe dar um pouco dessa história.

         — Aceito um resumo.

         — Mas, contando me empolgo. Vou tentar resumir.

         — Um artesão ourives francês tinha uma filha chamada Eufrásia Honoré, casada com François Dumont. Estava difícil matéria prima para o ourives. Convence a filha a embarcar para o Brasil, tanto ouvira falar das nossas pedras preciosas, principal produto da sua pequena indústria.

         — No Brasil deu certo o comércio de pedras que eram enviadas para a França deixando o sogro empolgado. Também empolgados resolveram ficar aqui, onde nasceram seus três filhos. O segundo que recebeu o nome de Henrique, era tido como o mais ousado. O pai François Dumont faleceu muito cedo, ficando Henrique responsável pela família, nessa altura com um bom emprego na Prefeitura de Ouro Preto.

         Henrique conheceu Francisca, casando-se no ano de 1.856. Homem inteligente foi encarregado de construir trecho da Central do Brasil, na região da Serra da Mantiqueira. Foi o início de um grande progresso. Pai de muitos filhos, em 20 de Julho de 1.873 nascia seu sexto filho, a quem deu o nome de Alberto. Dono de muitas fazendas, Henrique era chamado de O Rei do Café.

         Alberto, um menino admirado, com 6 anos equiparava-se aos capatazes da fazenda. Mas era uma criança, e como criança cortava e brincava com pequenos galhos providos de folhas que ao balanço imitavam voos dos pássaros. Admirava os pássaros, e o que lhe chamava mais a atenção eram os grandes, como urubus que deslizavam nas alturas.

         Crescia, e seu agitado desenvolvimento fez com que o pai o mandasse estudar na França. Lá, tão jovem, além dos estudos, ganhava elogios dos mecânicos a quem ajudava nas oficinas. Foi o primeiro a usar um motor em um balão, deixando a imprensa francesa devorando notícias. Construiu muitos aparelhos. Um dos seus balões em um concurso circundou a torre Eiffel, perdendo o prêmio Deutsch por 6 minutos a mais do tempo estipulado! Mas Deutsch contrariando os juízes, deu-lhe o prêmio de 100 mil francos. Numa demonstração de altruísmo, desprovido de interesse monetário, pediu permissão e distribuiu esse valor à pobres de Paris. Na série de aviões ficaram famosos seus 14 Biz, e Demoiselle 19, dando-lhes a honra de ser chamado o Pai da Aviação.

         O governo brasileiro pousava ao seu lado, havia controvérsia da sua sexualidade, fato na época velada pelos militares,  que muito mais poderia ter sido feito por ele, enquanto vivo. Sustentou-se depois sua importância, com reconhecimentos e muitas  honrarias.

         No Brasil, depois da sua casa Encantada em Petrópolis, instalou-se em São Paulo e no Guarujá, tentando curar sua depressão. Ver seu invento a serviço das guerras o definhou por completo.

         Certa manhã na praia, protegido pelo seu inconfundível chapéu, concentrado nos pensamentos, ouve ronco de vários aviões. Acontecia a revolução de 1932, que ele aliou-se aos Paulistas. Vê aproximar-se uma esquadrilha com um voou rasante sobre o porto de Santos. Lançaram bombas, atingindo um cruzador, dos dois que tínhamos disponíveis.

         Aterrorizado, não era o que desejava. Sentindo uma parcela de culpa, depressivo, vai para casa e nessa mesma noite suicida-se.

         — Sim Ricardo, você carrega uma grande história e conta com orgulho. Mas onde você se encaixa nessa família?

         — Romano, Alberto Santos Dumont entre oito irmãos, três delas, Maria Rosalina, Virgínia e Gabriela Dumont, casaram-se com também três irmãos Villares: Eduardo, Gilherme e Carlos! Ao todo ele teve 32 sobrinhos!

         Imagine quantos Dumont Villares deu nesses três casamentos!

         Pegando a garrafa, ofereci:

— Vai mais uma ai?

         — Opá, já é a segunda garrafa.

         — Nosso brinde final aos Dumonts!


         — Saúde, tim, tim. À nossa! Também a você, um merecedor! Ao tempo!

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