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A Cigarra, a Formiga e a Internet - José Vicente Jardim de Camargo


A Cigarra, a Formiga e a Internet
José Vicente Jardim de Camargo

A noite vem chegando e apagando as luzes da floresta.

Seus habitantes se recolhem às suas tocas a procura do descanso  restaurador. Alguns desses, porém se despertam para o inicio do  viver noturno. Entre estes a cigarra que com o vibrar das suas asas  emite um canto penetrante até o dia clarear.

No revezamento continuo da vida, é a vez da noite ceder lugar ao dia.

A formiga já se encontra no corre-corre organizado a procura do  alimento para sua rainha e seu exercito.

O besouro, orgulhoso do poder e da magia de seus antepassados  nos tempos dos faraós, a tudo assiste e indaga:

 Sra. Cigarra, vives a cantar sem tempo para armazenar o  alimento, no inverno morrerás de fome.

 Não Sr. Besouro, com o dinheiro que recebo dos meus clientes  noturnos: morcegos, corujas, rãs, vaga-lumes para entretê-los,  compro  meus alimentos e ainda me sobra para as aulas de exercício da voz.

E você Dona formiga, com o pouco descanso que fazes, logo  terás um enfarte de tanto trabalhar.

Que posso fazer Sr. Besouro, nasci para ser escrava do poder  absoluto da minha rainha. Gostaria de ser livre, ter meu próprio afazer, mas sou vigiada dia e noite.

Longe dali, num cemitério francês, o Sr. La Fontaine se estremece do seu eterno descanso e pensa:

No meu tempo a comunicação era diferente! Não existia a internet com suas redes sociais para a divulgação dos dotes de cada um e para as justas reivindicações sociais...


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