Vertigem
Christiane Lopes
A minha fraqueza se instaura na falta de sentido,
no tédio.
O sentido é diáfano, transparente, ele vem como uma
faísca e se afasta. O sentido é uma miragem, um flash. Quando tento pegá-lo ele
se dissolve no nada.
Minha força vem do meu desejo, quando ele me falta,
quando a nada se prende, caio no abismo, me desmaterializo numa existência
vazia, sem sentido, sem sangue, sem ar.
A vertigem é a falta de sentido que se corporifica
em mim; meu corpo é um fantasma, uma sombra do que um dia pode ser. A vertigem vem quando tendo ser sem ser; não
tenho mais cumplicidade com a vida, não tenho forças pra carregar meus sonhos,
eles se dissipam no tempo e meu corpo é oco, flutua conforme o vento, treme
vertiginosamente pelas esquinas que dobro.
Às vezes vislumbro algo, tento pegar, parece
verdadeiro, forte, pleno, no entanto, se dissolve no ar, perde a força, se
esvazia no passar das horas...De novo caio no abismo do tédio.
A vida pra mim é plena e lateja conforme instauro o
querer em algo que me movimenta, me absorve, me significa; aí sou total, sou
força, domínio. Quando esse desejo se esvai eu caio na vertigem de mim mesma,
viro Hamlet: “Ser ou não ser?” Onde sou?
Nenhum comentário:
Postar um comentário