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A melhor pizza da cidade - Antonia Marchesin Gonçalves

 


A melhor pizza da cidade

Antonia Marchesin Gonçalves

 

                        Na recente viagem que fiz para Atlanta e Miami (USA), alguns fatos pitorescos aconteceram. Em Atlanta, após os maridos terem tido reuniões de negócios. Eles chegaram no fim da tarde e com fome combinamos com outro casal, irmos a, segundo indicação, jantarmos na melhor pizza da cidade.

 

                        Chamamos o Uber, o motorista, um rapaz novo que nos levou à tal pizzaria. Ao chegarmos, descobrimos que estava fechada, tentamos convencer o motorista a nos levar de volta para o hotel, o qual não concordou nos deixando na calçada numa rua deserta. Chamamos um novo carro que nos levou na segunda opção de pizzaria, também indicada como a melhor. O local parecia um galpão e era enorme com mesas compridas, eram mesas comunitárias.

 

                        Achamos uma mesa de seis, era a menor, nos sentamos à espera do garçom ou garçonete para fazer o pedido, não tinha. Os pedidos eram feitos nos caixas, a bebida nos servíamos e não tinha nem talheres e pratos, mas rolos de toalha de papel. A pizza tinha que ser comida com as mãos e as mesas altas e os bancos para sentar também, ficando com as pernas que não tocavam no chão.  Levamos na esportiva não era ruim, mas não dá para comparar com a nossa. Satisfeitos chamamos o novo Uber, um carro médio guiado por uma mulher.

 

                        Ao entrarmos vimos que o banco do motorista totalmente para trás, mal cabendo nos três. Ela era grande em todos os sentidos, o peito enorme emendando com o abdome em cima da direção, por isso o banco tão atrás, a mãos não seguravam com os dedos envolvendo a direção tamanho cumprimento das unhas em formato de garras. Guiava com os braços totalmente esticados entre o peito e a direção. Voltamos em silêncio até chegarmos no hotel, quando descemos entramos e desatamos a rir muito da nossa aventura.

Mudanças forçadas - Antonia Marchesin Gonçalves

 




Mudanças forçadas

Antonia Marchesin Gonçalves

 

                        Mudanças em geral não são bem aceitas pela maioria das pessoas, muito pior quando são impostas contra a vontade dos cidadãos, como na cidade de Petrolândia. Ela estava localizada às margens do Rio São Francisco. O seu centro e todo povoado foram alagados para a construção da Usina Hidroelétrica de Itaparica.

 

                        Os ribeirinhos como são chamados tinham o rio como meio de sobrevivência, isto é, através da pesca que tinham o seu pão de cada dia. Era o caso da família de Isadora, filha caçula de quatro irmãos homens e ela única mulher. Os dois mais velhos já casados, todos pescadores, ela era a única a estudar e queria continuar a estudar, com os seus catorze anos já cursava a nona série e o sonho dela era fazer a faculdade de pedagogia.

 

                        Com a mudança de Petrolândia a chance dela seria maior em continuar os estudos, no fundo do coração ela ficava dividida, sabia que a família sofreria com as consequências da mudança, mas não tiveram escolhas. Realmente o recomeço foi difícil, a nova cidade não ficava longe do rio, mas tinha mais estrutura e com isso todos se adaptaram, principalmente Isadora que conseguiu completar os estudos e agora está prestando o vestibular para a tão sonhada pedagogia, realizar o seu sonho de ensinar os seus conterrâneos.


Nova Petrolândia - Yara Mourão

 




Nova Petrolândia

Yara Mourão

 

Construção de personagem

 

Alzira já tinha dois meninos correndo pela casa e um na barriga que a cada dia ficava maior. Ela também tinha essa agitação, pois trabalhava do nascer do sol ao fim do dia auxiliando o marido Nestor. Ele, pescador a vida toda, trazia quilos de peixe para Alzira limpar todos os dias. Ela já tinha muita prática; era rápida, um olho nos peixes, outro nos meninos. Cantarolava canções de mar, de ninar, se adoçava ao ver tudo feito, limpo, posto no gelo para vender à beira do rio. Aos clientes, mãos turistas, sempre tinha um sorriso de quem gosta do que faz. Amava sua casinha às margens do grande rio. Conhecia bem os ruídos das águas, sua cor, sua correnteza. Para Alzira ali era sua terra, suas águas, seu lugar de ser. Entretanto, aquele dia nasceu diferente.

 

NOVA PETROLÂNDIA

 

No meio daquela tarde, Alzira pegou o caminho de terra batida e foi a pé até a beira da estrada. Parou, olhando calmamente para um lado e outro. Viu o rasgo cinzento do asfalto cortando impiedoso o chão barrento; viu a desolação das margens vazias de casas, de plantas, dos bichos que conhecia. E pensou nas águas que viriam até quase à beira desse caminho inóspito, afogando toda uma vida de construção e luta.

 

Ela andou mais um pouco, sacudindo a cabeça para limpar os pensamentos. Chegou junto a um casebre na beira da estrada. Um casebre, pensou, pode ser outra coisa. Imaginou ali uma casa, com uma cama grande para os meninos, um fogão para ela, uma mesa na porta para dar de comer a quem passasse… Alzira não esperou nem seu sonho terminar. Entrou. Falou das águas que viriam; disse que sabia fazer comida boa, que os meninos tinham de crescer e aprender a trabalhar.

 

Acertaram um combinado: cada um dava o que tinha. Alzira acertou a data para chegar com tudo e todos. Nestor carregou nos braços os pertences poucos, ouvindo e seguindo a mulher. Ele se animou quando ela disse que o mundo podia acabar em água ou em fogo, e que sendo em água era melhor, dava pra secar; se fosse em fogo tudo seria consumido.

 

Assim, viram chegar a enchente cobrindo seu lugar, sua terra, sua plantação. Viram o chão sumir e as águas tomarem o lugar de tudo, cobrindo as casas, a igreja, as árvores.

 

Alzira suspirou da janela de seu pequeno restaurante; mas logo voltou à cozinha, aos peixes, às panelas, que já era hora de servir aos viajantes que passavam. Era bom, pensou, ver tanta gente seguindo a estrada para o resto do mundo.

 

Um dia, quem sabe, teria que ir também.  Mas ela seria como a água, que cabe em qualquer vaso, e se amolda ao seu leito, enquanto é rio, mas que se extravasa pelo mundo, enquanto é mar.

 

 

Um dia você também aprende. - Yara Mourão




 Um dia você também aprende.

Yara Mourão

 

Não há dúvida de que a vida é um aprendizado constante.

Mas há um final, e um dia você chega lá. Sem pódio, sem medalha. É que o prêmio a gente ganha bem antes, na semente da vida, na nascente do rio cuja força garante a cachoeira.

Quando seu caminho é iluminado, seu brilho se espalha e transcende, atinge profundezas, alturas e distâncias.

Quando a sombra se insinua e a dor nasce e a alma sangra, chegou a hora de seu coração se aquietar e seu espírito definir caminhos. Quase sempre sabemos os caminhos, ainda que os evitemos.

Mas há que aprender a amar. E a luz que o amor acenda não permita que se apague inutilmente. Essa é a tarefa que há de nos consumir por toda a trajetória.

Você tem que aprender depressa para ensinar a quem vem vindo: o pequeno, o perdido nos caminhos, o incrédulo, o velho, o descrente. Ensinar o essencial: a vida é só uma passagem, mágica e misteriosa, rápida ou curta, mas sempre uma aula que Deus nos dá.

UM DIA VOCÊ TAMBÉM APRENDE. - Antonia Marchesin Gonçalves

 



UM DIA VOCÊ TAMBÉM APRENDE.

Antonia Marchesin Gonçalves

                       

                        Tudo passa, é o conselho que você houve quando no desabafo de um problema, que naquele momento te aflige, o teu ouvinte te diz. Um dia você também aprende que os amigos não querem lamentos seus e sim o que você durante a vida em comum retribuirá em consideração pela amizade que recebes. Ao me encontrar com três amigas quando me perguntaram como eu estava, comentei sobre a pequena cirurgia que tive que fazer, na mesma hora uma dela se afastou dizendo que não queria saber de doença.

                        Fiquei surpresa e senti decepção com ela, pois a via como calma, sempre pronta a ouvir e dar os seus conselhos, com sorriso no rosto. Aprendi com essa atitude que não temos que julgar aquele momento de impaciência dela, pois a qualquer momento posso ter a mesma atitude ou ser julgada até por tentar ajudar e ser considerada intrometida.

                        O mundo não para, ouvir os teus lamentos requer paciência e tempo, coisa difícil no mundo atual das pessoas. Como eu disse, tudo passa e se aprende que as decepções fazem parte do crescimento pessoal do indivíduo. Quando ouvia minha mãe se lamentar, se queixando de determinada situação desconfortável, me via impaciente e dando qualquer resposta para que logo a conversa mudasse e chego à conclusão que a mais dos meus pais em mim do que pensava.

                        Aprendi que com a maturidade vem a paciência e sabedoria, através das suas experiências e que muitos não chegam alcançar, pois a evolução de suas de vida, esses sentimentos não faziam parte. Mas aprendi também que sofrer injustiças de quem você mais crê que valorizariam tuas qualidades e amizade, muitas vezes são os que mais te magoam e até com certa crueldade, pois o íntimo de cada um ninguém conhece.

                       

                        Aprendi que existem mãos amigas, às vezes daqueles que menos se espera e que sempre temos os dois lados a serem ouvidos. Tudo passa, temos que ter a certeza do nosso valor, que nos retorna o que nela plantamos, novas conquistas nos fortalecendo o agora e o futuro que nos espera.

 

 

ESCREVIVER - AULA DE 05 DEZEMBRO 23 - CONTO DE MISTÉRIO E SUSPENSE

 







CONTO DE MISTÉRIO E SUSPENSE

 

A narrativa que envolve mistério e suspense é particularmente interessante por seus detalhes. O enredo deste gênero pode tratar de um crime, de uma traição...ou de terror.


O formato da linguagem é fundamental para criar suspense. Há expressões apropriadas para este gênero literário. Como exemplo, os advérbios fazendo parte da narrativa para emprestar um ar de “rotina quebrada” chamando o leitor para a história:

 

Subitamente

Inesperadamente

Repentinamente

Sorrateiramente

Bruscamente

Assustadoramente

Imprevisto



Perceba que, em sua maioria, são os advérbios de modo que ilustram a quebra do cotidiano das histórias de suspense.

 

O Conto de Mistério e Suspense obedece algumas “regras” para ter cheiro, sabor, formato e impacto de suspense:

 

- Quase não há diálogo nesse gênero. E quando há, é porque está sendo usado como dispositivo para criar implicações, mistérios e inferências. Muitas vezes as palavras ou frases são enigmáticas, o que favorece esse gênero literário, e ajudam a tornar o diálogo misterioso. No entanto, não se deve exagerar, tornando cada frase tão obscura que o leitor fique totalmente perdido.

 

- Quando se deseja que o texto tenha aspecto de relato pessoal em tom de confissão, cumplicidade, usa-se a primeira pessoa “Eu”. Esse método, utilizado por grandes escritores como Edgar Alan Poe, promove um ar de credibilidade ao que se conta, como se o narrador tivesse feito parte dos fatos. Há também a narrativa em terceira pessoa (observador ou onisciente: que tudo viu, tudo sabe e expõe pensamentos e sentimentos das personagens).

 

- Destacam-se adjetivos e os verbos de ações inusitadas.  Todo o texto bem combinado com boas metáforas.

 

- O suspense é criado pela interrupção da narrativa num momento culminante.

 

- Este gênero é guiado pelas vozes aflitas (terror), sussurros, gritos, segredos, códigos, chaves, murmúrios...

 

- Bom que haja diversas pistas: umas falsas e outras verdadeiras.

 

- Atentar para que a estrutura do texto responda a todas essas questões:

 

O QUÊ? – O (s) fato (s) que determina (m) a história;

QUEM? - O personagem ou personagens;

COMO? - O enredo, o modo como se costuram os fatos;

ONDE? - O lugar ou lugares da ocorrência

QUANDO? - O momento ou momentos em que se passam os fatos;

POR QUÊ? - A causa do acontecimento.

 

- O ambiente pode ser inicialmente claro e limpo, mas de repente fica desconfortável. Ouvem-se ruídos estranhos. Os 5 sentidos são aguçados, e precisam ser empregados no texto: ouvir gotejamentos, sussurros, passos, um objeto que cai, o vento zunindo que desloca um papel. Há de se ter desconfiança, curiosidade, em suma, o suspense tem que estar presente no texto.

 

- Use palavras, vocabulário específico para criar suspense: adjetivos expressivos, exagerados; advérbios de modo, de lugar, de tempo que acrescentem circunstâncias especiais às ações.

 

- Crie um desfecho inusitado, surpreendente.

 

 

PARA FAZER AGORA:



- História de suspense/investigativo.

Cenário de suspense NUM HOTEL DE LUXO. Uma camareira presenciou um crime, e reconhece o criminoso. Como, hoje em dia, todo mundo anda com celular e faz vídeo ou fotos de tudo que vê...

 

LIÇÃO DE CASA: Em casa com mais tempo, melhore sua história, dê a ela frases mais apropriadas, avalie se o texto entrega o que promete – suspense – segredo – medo – desconfiança – perseguição. Use a sinestesia, os 5 sentidos, as metáforas... RELEIA O TEXTO - Envie seu conto (não se preocupe com o tamanho dele, pois não será possível criar um texto curto com esse apelo). Trabalhe o enredo para culminar em um desfecho que surpreenda.


Um Dia Você Aprende - William Shakespeare.

 








Um Dia Você Aprende

William Shakespeare.

(Texto atribuído a W Shekespeare, e também a Vitor Hugo - não confirmada a autoria)

 


Depois de algum tempo você aprende a diferença,

a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.

E você aprende que amar não significa apoiar-se,

e que companhia nem sempre significa segurança.

E começa a aprender que beijos não são contratos

e presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida

e olhos adiante, com a graça de um adulto

e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,

porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos,

e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima

se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que não importa o quanto você se importe,

algumas pessoas simplesmente não se importam…

E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,

ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para se construir confiança

e apenas segundos para destruí-la,

e que você pode fazer coisas em um instante,

das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer

mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida,

mas quem você é na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos

se compreendemos que os amigos mudam,

percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa,

ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida

são tomadas de você muito depressa,

por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos

com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começa a aprender que não se deve comparar com os outros,

mas com o melhor que você mesmo pode ser.

descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo,

mas se você não sabe para onde está indo,

qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão,

e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade,

pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação,

sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,

enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute

quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência

que se teve e o que você aprendeu com elas

do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens,

poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia

se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva,

mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer

que ame, não significa que esse alguém não o ama,

pois existem pessoas que nos amam,

mas simplesmente não sabem como demonstrar isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém,

algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga,

você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido,

o mundo não para para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,

ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar…

que realmente é forte, e que pode ir muito mais

longe depois de pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor

e que você tem valor diante da vida!

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem

que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.



E, o que mais você aprende?

Complete o texto com um trecho de sua autoria, baseado em sua experiência de vida, suas emoções, suas conquistas, seu enredo...



ESCREVIVER - A CIDADE QUE DESAPARECEU - MATERIAL DA AULA DE 21 DE NOVEMBRO 23

 












Petrolândia era um município brasileiro do estado de Pernambuco, localizado às margens do Rio São Francisco, à distância aproximada de 430 km da capital Recife.

No dia 6 de março de 1988, a sede administrativa de Petrolândia foi oficialmente transferida para uma nova cidade, às margens da BR-316. O centro da antiga cidade e vários povoados situados em áreas próximas ao rio foram alagados para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica. A população foi reassentada em bairros da Nova Petrolândia, em agrovilas e projetos de irrigação.

A partir do enchimento do Lago de Itaparica, além das atividades pecuárias e agriculturas tradicionais, novas atividades foram implantadas ou cresceram em importância no município, como a piscicultura em tanques redes e a fruticultura irrigada.

Muita gente se mostrou insatisfeita pela obrigatoriedade de mudar de lugar a cidade de Petrolândia. Não era só a mudança de lugar, mas a alteração do meio de sobrevivência que precisaria ser adaptado. Havia também a questão financeira para a nova moradia, o comércio que mudaria de apelo, o profissional liberal que antes trabalhava a piscicultura e agora trabalharia a agricultura ou coisa parecida. 

Em suma, a Nova Petrolândia não tinha as mesmas características que a antiga cidade.

 

TAREFA: O seu personagem é um petrolense irritadiço, trabalhador, que se lutou muito para construir sua casa, e de repente se vê indignado por ter que abandoná-la, e vê-la mergulhar nas águas do São Francisco.




O verdadeiro criminoso - Ledice Pereira

 




O verdadeiro criminoso

Ledice Pereira

 

Por trás de qualquer assassinato há um mandante. Um ser desprezível que se utiliza de outro ser desprezível para executar o que deseja sem deixar vestígios. Haja vista a morte de Marielle, até hoje, passados cinco anos, sem solução.

A morte brutal do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, após um ano, ainda não foi esclarecida. Chegou-se aos suspeitos que, aliás, confessaram, mas a pergunta que fazemos, quem foi o mandante?

Sabemos que, por aí, existe um número elevado de “coronéis” que manda executar qualquer um que venha a se colocar no seu caminho. Para isso, existem os capangas, sempre prontos a obedecer a ordens, qual autômatos, sem expressar qualquer reação, de revolta, de humanidade, de compaixão.

Existem ainda os matadores de aluguel, desprovidos de quaisquer sentimentos que, por um punhado de dinheiro, se prestam a executar o serviço sem discussão, sem dó, nem piedade.

Assim, os mandantes dormem tranquilos porque, afinal, eles entendem que não sujaram suas mãos. Consequentemente sabem que dificilmente serão desmascarados.

Essas devastações, que tem sofrido a Amazônia, também são crimes. Crimes ambientais, até aqui, sem que se chegue aos responsáveis. Estes, covardes, escondem-se atrás dos executores que derrubam árvores, queimam a floresta, cortam e estocam madeira, na calada da noite, usam equipamentos de primeira e inúmeros caminhões pertencentes ao verdadeiro assassino que, esse sim, deveria ser condenado a um tempo máximo de prisão, por subtrair do pulmão do mundo, o oxigênio tão necessário à perpetuação da espécie humana,  animal e ao desenvolvimento da flora, riquíssima nessa região, matéria prima de inúmeros medicamentos que têm sido descobertos para combater um número expressivo de males e doenças.

Que se encontrem os culpados!

Vovô Tino versus Informatização - Yara Mourão

 



Vovô Tino versus Informatização

Yara Mourão

(a tecnologia na terceira idade)

 

Aconteceu que o vovô Tino caiu e quebrou o fêmur. O hospital mais próximo ficava a 150 quilômetros da pequena cidade de Sucuripe. Mas Dr. Diógenes era bom médico e a cirurgia foi um sucesso.

O filho Tonico foi visitá-lo com Pedrinho, o neto, que em seus 11 anos de vida nunca tinha conhecido alguém mais legal que vovô Tino. Em poucos dias vovô melhorou bastante para seus 79 anos; mas sentia muito a distância da família, que achava difícil ir toda semana visitá-lo no hospital, pois os ônibus ficavam muito cheios e, quando chovia, a estrada era intransitável.

A solidão não ajudava na recuperação, por isso, a família se reuniu e Pedrinho logo deu a ideia: “Vamos dar uma Alexa para ele!”

Dito e feito. Tio Ribamar enviou, lá de Teresina, o tal aparelhinho. Foi uma festa a chegada da Alexa!

— Vovô Tino vai adorar! Disse Pedrinho, louco para inaugurar o brinquedinho.

E adorou mesmo; falava o tempo todo, caprichando na pronúncia sempre errada: “ Alessa, que horas são? Vai chover hoje? O que tem para o almoço? ”

A pobre da Alexa muitas vezes não tinha respostas e vovô começou a se irritar com ela. Ele dizia: “Ela não sabe nada! ” Mas o pior era com o futebol: “Alessa, quem vai ganhar o jogo? ” – Ela não sabia. “ Alessa, por que o Junior foi expulso? ” Nada...

Pedrinho percebeu que Alexa não estava à altura de vovô. Então achou melhor sugerir dar um celular para ele jogar e ver os jogos de futebol na telinha. Foi ótima ideia! Vovô Tino aprendeu o joguinho do time A contra o time B. Cada hora ele fazia um ganhar e se divertia muito com isso. Gritava“ goooll!” pro hospital inteiro ouvir.

E assim foram passando as semanas de recuperação, até que avisarem que ele ia ter alta.

Que boa notícia! Toda a família foi buscá-lo. Pedrinho era o mais feliz de todos! Vovô, emocionado, agradeceu o carinho, os presentes e especialmente o celular. Mas Tonico quis saber por que ele não tinha gostado da Alexia.

Em sua sabedoria, garimpada toda a vida no sertão, ele respondeu:

— Sabe como é, filho; a tal da Alessa era mulher e, assim como todas, não sabia nada e falava muito! Gostei bem mais do telefone com jogo de futebol e onde o meu time é sempre aquele que ganha!

 

 

DEIXAI VIR A MIM A TECNOLOGIA - Ledice Pereira

 



DEIXAI VIR A MIM A TECNOLOGIA

Ledice Pereira

 

 

Há idosos e idosos!

Aqueles que tentam acompanhar a evolução tecnológica, nem que para isso tenham que quebrar a cabeça até conseguir desvendar o novo aplicativo ou objeto. E aqueles resistentes a qualquer novidade que lhes chegue às mãos.

Na verdade, há os portadores de deficiências, como a visual, o que dificulta o aprendizado. Aí a coisa complica.

No entanto, a evolução tecnológica está aí para quem quiser nela se aprofundar. E o saber lidar com as novidades é um ganho permanente. É sentir-se atualizado, sentir-se vivo, acompanhando o mundo.

Estar aberto a mudanças, ao nascimento de novas invenções, nos faz esquecer a idade avançada, nos sentir menos defasados em relação aos mais jovens, nos aproximar dos netos, não só pessoalmente, mas também virtualmente pelas redes sociais. Uma forma de reduzir a diferença que existe entre as duas gerações.

Fomos apresentados à Alexa pelos netos, então com oito e dez anos. Nunca, até então, tínhamos sequer ouvido falar dela. Resolvemos adquiri-la.

É preciso dizer que eles extraem dela muito mais do que nós conseguimos. Mas, com o tempo e orientação deles, vamos aprendendo a lidar de forma mais intensa.

— Alexa, bom dia!

Ao que ela responde com bom humor:

— Bom dia! Hoje a temperatura chegará a tantos graus. Evite sair entre 10 e 16 horas. Hidrate-se.

Assim começa nosso dia com Alexa, que nos proporciona uma variedade de ritmos musicais de nossa preferência a uma simples ordem:

 Alexa, toca MPB!

A Operária Destemida - Yara Mourão

 





A Operária Destemida

Yara Mourão

(a partir de uma pesquisa sobre as formigas)

 

Era o início de dezembro e as festas de confraternização das empresas estavam começando sua temporada.

A requintada fábrica de porcelanas chamada Islândia marcou o dia de seu evento para um sábado no salão nobre da empresa. Nesse dia, todos os setores envolvidos com os trabalhos de ESG – Environmental, Social, Governance – estariam reunidos no auditório para a apresentação dos funcionários que, ao longo do ano, se destacaram. Seriam homenageados os que se comprometeram com os critérios e performances estabelecidos pelo programa. Os participantes selecionados seriam agraciados pelo próprio CEO da companhia.

Lídia estava feliz, pois fora escolhida como a grande revelação da requintada fábrica Islândia. Para ela, desempenhar suas funções cotidianas, ainda que não fossem estratégicas para a empresas, era uma realização inspirada por ideais muito fortes. Ela queria ser a mais fiel seguidora de sua mentora, a formiga de correição.

Lídia havia lido muitos artigos sobre insetos e ficou admirada com a dinâmica das formigas, principalmente com as da categoria de correição. E ela considerou que aquele segmento da natureza era uma inspiração para as pessoas. Por isso aplicou toda aquela engenhosidade em seu trabalho.

Iniciou criando um pequeno formigueiro em seu quintal e o infestou desses minúsculos animais. Percebeu, então, que essas formigas funcionavam como um superorganismo onde os indivíduos eram divididos em castas e funções: havia a rainha, os guardas e as operárias. Para a caça e captura dos alimentos a tarefa era coletiva.

Lídia fez uma projeção da realidade das formigas sobre seu trabalho na empresa: alinhou seu diretor à rainha do formigueiro; associou seu gerente às que faziam o papel de guardas e formatou sua equipe de faxineiras, jardineiros e diaristas como as operárias.

Deu muito certo! Foi uma perfeita inspiração da natureza para a vida social e que trouxe ao plano da governabilidade um ganho completo. Foi por isso que Lídia foi agraciada com louros dentro do programa de boas práticas ambientais, sociais e de resultados satisfatórios.

Na noite de entrega dos prêmios ela estava muito mais do que feliz. Até chorou, comovida, quando seu nome foi anunciado como a vencedora do troféu “Operária Destemida”. Pediram que para que dissesse algumas palavras; sem hesitar, agradeceu dizendo:

— Muito obrigada a todos vocês, e principalmente à minha mentora, a formiga de correição!

Todos se espantaram, mas debitaram a estranheza daquela fala à emoção da funcionária, que ainda completou dizendo que na Islândia não existiam formigas.

Houve perguntas; “ Qual foi, afinal, a vantagem desse seu trabalho? ”

— Foi trazer para vocês o poder da conscientização e observação da sabedoria da natureza; basta uma vontade de estar em conformidade com a vida na terra.

— E por que na Islândia não há formigas?

Porque o solo e o clima na Islândia parecem não estarem em conformidade coma vida sobre a terra; solo infértil, clima gélido, nem formiga aguenta.